Um veterano no 91º DP

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EDUARDO FIORA

Aos 64 anos o delegado Sergio José da Silva, 30 deles dedicados a diversas atividades na Polícia Civil, tem pela frente um novo desafio: planejar as atividades policiais no 91º Distrito Policial, na Vila Leopoldina.
Terceiro profissional a assumir a titularidade do 91º DP desde outubro desse ano, Silva recebeu em seu gabinete a reportagem do Jornal da Gente para um longo bate-papo seguido de entrevista, que resumimos a seguir:

Conte um pouco de sua carreira nesses 30 anos de atividades na Polícia Civil de São Paulo.
Sergio José da Silva – Comecei como escrivão. Depois saí da corporação para exercer advocacia. Retornei como delegado e estou nessa função há 20 anos. Já passei por vários distritos. Meu último local de trabalho, antes de vir para a Leopoldina, foi na delegacia do bairro do Ipiranga. Assumi o 91º DP no dia 24 de novembro.

Que quadros de infra-estrutura e funcional o senhor encontrou ao começar a trabalhar neste distrito policial?
Sergio José da Silva – Não posso dizer se existe ou não uma correlação adequada entre recursos e necessidades. Se não conheço as demandas, pois acabei de chegar, fica difícil dizer se os recursos são suficientes. Existe um levantamento que já está sendo feito, de modo a verificar qual é o nosso potencial e quais as necessidades da região, que devem ser muitas. Afinal, vivemos numa sociedade, que , como um todo, está em transformação em função de vários aspectos sociológicos como emprego e desemprego. Essa região em torno do Ceagesp gera muita atenção e tensão, pois é uma área onde existe movimentação de riquezas. Isso atrai aqueles que não querem trabalhar para conquistá-la.

Que análise o senhor faz do envolvimento da comunidade na questão da segurança pública? Esse envolvimento comunitário é importante?
Sergio José da Silva – Mais do que importante, ele é fundamental. Se a população não se engajar naquilo que mais lhe interessa de perto que é a segurança pública, no que mais vai conseguir se envolver? A cidadania implica em que cada um se ponha a serviço de seu país, de sua comunidade. Um grande político brasileiro, Rui Barbosa, nos dizia o seguinte: como cada um não sabe onde está seu quinhão no contexto social, é preciso que cada qual zele pelo todo, com o objetivo de proteger o seu espaço. Comunidade significa viver em sociedade; viver entrelaçado. Ou seja, colocar o interesse próprio em sintonia com o do outro, de modo a resolver, juntos, os problemas em questão. Em termos de segurança pública não é possível colocar um policial em cada esquina. Não é possível fazer valer a própria vontade. É preciso, isto sim, um engajamento de diversas áreas: política, social, policial e econômica, de modo a se formatar um plano de ação com o estabelecimento de prioridades.

Qual o papel dos Conseg´s nesse contexto?
Sergio José da Silva – O Conselho Comunitário de Segurança deve ser entendido como um órgão de canalização de propostas sociais para a resolução de problemas. O Conseg não foi feito para reclamações. Ele, ao meu ver, foi feito para que a sociedade civil se entenda entre si, elabore planos e faça proposições, que se necessárias e viáveis possam ser adotadas pelo governo. Mas se a comunidade não se envolver intensamente, o governo deixará de sentir essa importante manifestação social. Não basta criticar. É preciso propor soluções.Ousar em planos de atenções. É necessário, também, a colaboração dos grandes empresários, das grandes instituições e dos órgãos sociais da prefeitura e do Estado em áreas como saúde e educação. Não se trata de um envolvimento comunitário ocasional. Ao contrário, ele deve ser profundo e permanente.

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