JOSÉ DE OLIVEIRA JR. REPÓRTER
A Prefeitura, integrantes do Instituto dos Arquitetos do Brasil em São Paulo (IAB/SP) e demais urbanistas premiaram os ganhadores do Concurso Nacional “Bairro Novo” na quinta-feira passada, 22 de julho. A pretensão da iniciativa foi estimular idéias que viabilizem o aproveitamento racional de numa área de 980 mil metros quadrados (equivalentes a dois vales do Anhangabaú), localizada entre a Barra Funda e a Água Branca.
Lançado em 20 de maio pela prefeita Marta Suplicy, foram entregues 58 trabalhos feitos por cerca de 600 profissionais de todo o Brasil. Os vencedores foram os arquitetos Euclides de Oliveira, Carolina de Carvalho e Dante Furlan, que receberam R$ 50 mil. O segundo colocado ganhou R$ 30 mil enquanto o terceiro levou R$ 20 mil de prêmio. Houve ainda a premiação de sete menções honrosas.
Atualmente, no local encontram-se lotes da própria Prefeitura, do Governo Federal, da Telefônica, da CPTM e demais proprietários da chamada gleba Pompéia, que acompanharam a premiação. O trabalho vencedor sugere a implantação de um bairro nos moldes franceses do início do século 20. Na área, viveriam 70 mil pessoas, contando com 1,8 milhão de metros quadrados de construção comercializável, entre habitações e locais de trabalho.
A implementação se daria por etapas. Num primeiro momento, seria construído um hotel de grandes dimensões, com um anexo destinado a convenções. A obra ficaria ao lado das quatro torres da Construtora Ricci, na Avenida Francisco Matarazzo. No pavimento inferior, haverá a possibilidade de se instalar uma estação da CPTM. A primeira etapa seria completada, com uma primeira quadra residencial de uso misto em área próxima ao Viaduto Pompéia, hoje desocupada.
De acordo com Oliveira, as áreas livres, em forma de cata-vento, privilegiariam o pedestre e a convivência entre os moradores. As quadras são compostas por prédios independentes e contíguos, com frente de 20 metros, compondo uma fachada de altura similar sobre a rua e apresentando uma galeria contínua, cobrindo metade da largura das calçadas. A solução foi apontada como sendo interessante para grandes e médios empreendedores imobiliários.
Outra vantagem da proposta é aceitar a diversidade arquitetônica, mantendo um aspecto a homogeneidade da paisagem vista dos espaços públicos. Os prédios também contemplam moradias de interesse social, cujos 600 apartamentos se distribuiriam de forma a evitar a segregação de classe.
O trio campeão também considerou uma boa proposta instalar no interior do bairro paralelepípedos para diminuírem a velocidade dos veículos e aumentarem a permeabilidade do solo, evitando enchentes. O estacionamento seria permitido em todas as ruas. “Queremos substituir o bairro-mercadoria por uma configuração mais humana, harmonizando edifícios e pedestres”, disse Oliveira. O secretário de Planejamento Urbano, Jorge Wilheim, complementou o conceito do modelo de Bairro Novo do século 21, considerando que o projeto vencedor trouxe a noção de “convivialidade”, necessária para a comunidade viver junto num mesmo local.