Jeito criativo de superar dificuldades

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Ser pequeno empresário neste País sempre significou uma vida de sacrifícios. Primeiro, pelas dificuldades impostas pela própria política tributária do governo, que na prática impede o desenvolvimento saudável das micros e pequenas. Isso, sem contar a legislação trabalhista, que necessita de uma reforma imediata. Como não bastassem estas questões, a globalização da economia passou a ser mais um obstáculo a ser superado.
Existe um dado preocupante, citado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de posse do presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, em março. Na ocasião, ele disse que a situação das micros e pequenas empresas era tão difícil que nem fechar conseguiam. Para Lula, além de criar uma distorção nas estatísticas, pois não era possível saber quantas empresas produtivas realmente existiam no País, não se podia admitir a morte de tantos empreendimentos geradores de empregos. Infelizmente, desde aquele discurso do presidente nada mudou. E continua valendo o dado de que a cada 100 empresas constituídas nos últimos cinco anos, apenas 28 continuam produtivas. Esta realidade nos remete ao ditado caipira de que “se não güenta, por que veio?”.
Para güentar e tentar superar todos estes obstáculos, muitos micros e pequenos empresários têm buscado soluções criativas. Elas, porém, às vezes não bastam. É preciso ir um pouco além, e uma solução é o cooperativismo. Existem, por exemplo, alguns proprietários de farmácias de bairro que se uniram para sobreviver às grandes redes. Eles formaram uma cooperativa para realizar suas compras, com um poder maior de negociação junto aos distribuidores de medicamentos e aos laboratórios.
É dentro desta perspectiva que a iniciativa da Associação Comercial de São Paulo, em parceria com Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), batizado de Projeto Empreender, se mostra uma ferramenta interessante. Principalmente porque tenta acabar com o equivocado conceito de concorrência, para o qual empreendedores do mesmo ramo de atividade não podem conviver em harmonia. Hoje, sabemos que se numa mesma rua estiverem estabelecidos diversos bares e restaurantes, a possibilidade deles atraírem uma boa clientela é maior do que um isolado numa rua afastada.
O projeto vai além de fomentar a união. Ele se propõe a fazer um diagnóstico dos problemas e buscar soluções com o intuito de aumentar a produção. A troca de experiências positivas e negativas entre os empresários também é um fator importante. Na Distrital Lapa, muitos empreendedores já aderiram ao projeto, como mostra a reportagem de José de Oliveira Júnior nesta edição. Vale a pena ler seus depoimentos.

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