Perdida estréia no Cacilda Becker

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Depois de um longo período em cartaz na cidade, o espetáculo Perdida estréia hoje, no Teatro Cacilda Becker para uma temporada até o início de junho. A peça, escrita por José Sanchis Sinisterra e dirigida por Marco Antônio Braz, é uma comédia quântica, a primeira do Núcleo Arte Ciência no Palco da Cooperativa Paulista de Teatro, que trabalha com o projeto de arte ciência, unindo o teatro à ciência e levando ao público o resultado desta junção.
O que aconteceria com nossa vida cotidiana se o tempo não seguisse normalmente seu curso e o espaço não fosse sempre tão perceptível, e ao mesmo tempo estivéssemos aqui e agora e em Praga nos anos 40? A ciência tem dado asas para a ficção e em nosso caso esta ficção se converteu em teatro. Utilizando o humor como elemento relativizador do pensamento lógico e como força destruidora do sentido comum, Perdida… propõe uma inusitada experiência cênica, um jogo que provoca o espectador não para conduzi-lo a uma realidade fantástica senão, muito pelo contrário, confrontá-lo com estas dimensões propostas pela ciência. O choque entre uma doutora em física de uma universidade americana (Flávia Pucci) e a realidade não encarnada pela figura do segundo vice-secretário de um clube de divulgação cultural de uma pequena cidade (Oswaldo Mendes) não nos coloca em um cotidiano que, apenas estabelecido, começa a despedaçar-se. Aparece um terceiro personagem, um turista (Carlos Palma), afirmando estar em Praga; a doutora, inesperadamente afirma estar nos Apalaches. Eles se encontram em um mundo de coordenadas enlouquecidas, possível, mas pouco provável. Repentinamente, a cientista desnorteada passa a vivenciar as manifestações sobre as quais teorizava: Os Paradoxos do Espaço e do Tempo. A doutora e o turista realizam o “salto quântico” e alteram suas “órbitas” mas é ele, o ocioso turista quem enxerga o fenômeno do espaço-tempo, eles se fundem num beijo – metáfora usada pelo autor para fué, ocupam dois lugares ao mesmo tempo e finalmente, a realidade, a “de verdade”, volta a cena como sempre é. Estamos nos permitindo imaginar o que a Ciência propõe. A teoria da relatividade e a física quântica oferecem noções de espaço e de tempo que não correspondem à nossa experiência “cotidiana”, mas o teatro com sua prodigiosa liberdade nos permite vivenciar esta realidade num jogo cômico talvez “mais real” do que este mundo de convenções em que vivemos.

Perdida
Sábados e domingos, às 21h e 19h, no Teatro Cacilda Becker. Rua Tito, 295, Lapa. Telefone 3864-4513. Ingressos a R$10,00 e R$5,00.

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