O grupo de trabalho para a Agenda 21 da Lapa promoveu um passeio de trem da estação Barra Funda até a Presidente Altino, em Osasco, com a colaboração da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, no dia 1º de abril. Nesse trecho, foi possível observar as características de cada região, bem como seus problemas. O assessor de gabinete da Subprefeitura da Lapa, Luiz da Silva Filho, fez a coordenação dos trabalhos.
Durante o passeio, os participantes ouviram as opiniões dos moradores de cada bairro. Para a moradora Jupira Cahuy, a Água Branca, por exemplo, se desenvolveu muito, causando um impacto ao meio ambiente. As instituições de ensino, a Favela Aldeinha (próxima à Marginal Tietê), o constante trânsito de pessoas de outras regiões, que utilizam o sistema de transporte, provocam uma mudança de perfil no bairro. Uma boa iniciativa foi a implantação da coleta seletiva de lixo no Conjunto Habitacional Água Branca.
Na Lapa, a moradora Ilma Santos de Pinho também disse que a região sofre com a ação de casa de espetáculos, bingos, escolas, faculdades e o Palmeiras. O processo de intervenção urbana provocado pelas quatro torres na Avenida Francisco Matarazzo vai trazer um tráfego intenso de carros e pessoas. Ruas, antes calmas, se tornaram vias alternativas para os motoristas, causando transtornos aos moradores. Existe a possibilidade de construção de uma avenida que ligue a Rua Auro Soares de Moura Andrade à Avenida Santa Marina. Também há poucas áreas verdes na região.
A moradora Terezinha de Lourdes Machado reclamou do excesso de ônibus que estacionam nas ruas estreitas da Lapa de Baixo. As duas passagens de nível não comportam o grande número de alunos do Cursinho da Poli e da Faculdade Rio Branco. A via subterrânea mais estreita está em péssimo estado, o que vai obrigar a Subprefeitura a fazer uma reforma em breve. Para Terezinha, a região necessita de mais verde sem prejudicar a iluminação e os telefones públicos, mas é preciso mudar a aparência do bairro.
Na estação de trem Domingos de Moraes, que liga a Vila Anastácio à City Lapa, o problema é a cerca de metal da passarela de acesso da estação para a rua. Segundo Walter Auad Bustamante, da União dos Moradores de Vila Anastácio, se fosse substituída por aramado, a visibilidade dos pedestres garantiria a segurança no local. Houve denúncias de viciados se escondendo, homens molestando mulheres e vândalos pichando muros. Foi feita uma proposta de se instalar um centro de reciclagem de lixo na Rua Bartolomeu Bueno, embaixo da passarela da CPTM.
Na Vila Leopoldina, o presidente do Conselho das Sociedades Amigos de Bairro da Região da Lapa, José Benedito Morelli, o Boneli, lapeano de 54 anos, recordou sua infância. Disse que ali ficava a Casa de Passagem da imperatriz Maria Leopoldina. Reclamou da ação de andarilhos e pessoas que fazem sujeira ao longo dos trilhos do trem. Também pediu para melhorar a limpeza próxima ao Viaduto Mofarrej e de todas as travessas da Avenida Imperatriz Leopoldina. Disse que a região abrigou o segundo maior pólo industrial do Brasil, mas que atualmente sobraram os antigos galpões de fábricas abandonadas. A Vila Leopoldina possui duas realidades: a do Alto da Lapa, com a qualidade de vida dos moradores da Companhia City, e a da Caixaria, próximo ao Ceagesp. Por conta desse antagonismo, o bairro registra um dos maiores índices de mortalidade infantil na cidade, dentro de uma área considerada nobre.
O evento foi finalizado no auditório da Sede da Gerência de Operações das Linhas B (Amador Bueno-Júlio Prestes) e C (Presidente Altino-Jurubatuba) da CPTM. Mônica Renard, do Instituto de Pesquisa Ambiental 5 Elementos, integrante do grupo de preparação da Agenda 21 Lapa, agradeceu a presença de quase 20 pessoas, esperando que uma nova percepção do meio culmine em ações concretas para a qualidade de vida de seus moradores. O subprefeito da Lapa, Adaucto José Durigan, que participou de todo o passeio, também deu os parabéns a todos os envolvidos na iniciativa, aguardando outros eventos relacionados à Agenda 21 Lapa.