Reordenamento urbano em debate

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Foto: Arquivo JG

Arquivo JG
Maria Isabel Coelho

Faz alguns meses ouvi do vereador Paulo Frange (relator da Lei de Zoneamento na Câmara Municipal de São Paulo) que a Leopoldina é a esquina de São Paulo. Na ocasião, ele falava da mudança na Lei de Zoneamento que permite a saída da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) para dar lugar à reurbanização de uma Leopoldina que passa por transformações nos últimos anos. Cada vez mais as casas dão lugar a novos condomínios.

O bairro se valorizou, mas a saída da Ceagesp (ligado do Ministério da Agricultura do governo Federal) divide opiniões pela facilidade de acesso aos alimentos e flores frescas de um lado e dos impactos pelo trânsito de caminhões de outro, atração de moradores de rua, prostituição e drogas. Se de fato o entreposto deixar o bairro, não se pode negar que uma nova Vila Leopoldina surgirá, mas também não se sabe com certeza o que virá para o local. Até lá o assunto vai provocar muita discussão, não só pela destinação urbana do solo como também sobre o abastecimento da Cidade. A novidade essa semana é que além da possibilidade de ter os 700 mil m² de terreno da Ceagesp para projeto de um novo bairro – como sonha o prefeito Fernando Haddad para desenvolvimento do seu projeto Arco do Futuro -, a Votorantim, a BVEP – empresa de empreendimentos e participações do Banco Votorantim, a SDI – empresa de gestão e desenvolvimento imobiliário e o URBEM – Instituto de Urbanismo e de Estudos para a Metrópole apresentaram a Prefeitura de São Paulo (dia 2) uma Manifestação de Interesse Privado (MIP) para desenvolver um projeto urbanístico também na região da Vila Leopoldina.

A proposta segue as diretrizes de um Projeto de Intervenção Urbana (PIU), um instrumento previsto no Plano Diretor que foi regulamentado este ano. Pela regulamentação, esse tipo de projeto permite que empresas realizem estudos e proponham à Prefeitura planos de desenvolvimento urbano fundamentados em programa de interesse público, como estabelece as diretrizes do Plano Diretor e da Lei de Zoneamento.

A área que no passado abrigou instalações industriais possui aproximadamente 290.000 m² e fica entre a várzea da margem direita do Rio Pinheiros, na Vila Leopoldina, Ponte do Jaguaré e os parques Cândido Portinari e Villa Lobos. Os proponentes também são proprietários de área com cerca de 30 mil m² na mesma região, junto a um antigo ramal ferroviário ocupado pela Favela da Linha. A ideia é desenvolver um modelo que contemple moradia adequada às famílias da Favela da Linha, a Favela do Nove e as invasões junto ao conjunto habitacional Cingapura Madeirit. A realocação das famílias será facilitada pela disponibilidade de diversas Zeis 3 no entorno do perímetro. A ideia é propiciar um misto dos espaços urbanos com unidades habitacionais, comerciais, espaços de uso público e fachadas ativas com comércio e serviços no térreo dos edifícios.

Diante da possibilidade de tantas transformações, o Fórum Social da Vila Leopoldina organiza para o próximo dia 25 um debate sobre a reurbanização da área com vereadores e especialistas no assunto.

O reordenamento social e econômico da terra urbana na Leopoldina está em discussão.

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