O Carnaval de Rua de São Paulo é reconhecido pela Prefeitura como um dos eventos mais importantes do calendário cultural da cidade. Traz turistas e movimenta a economia.
Ao atingir esse patamar de importância e visibilidade, o Carnaval de Rua não pode cair nas tentações dos grandes eventos e da própria vaidade antropofágica capaz de esquecer o seu real propósito, derrocando-se ao próprio fim. A manifestação cultural espontânea das pessoas que usam o espaço público, as ruas, para, de forma despretensiosa, reafirma que ali é um lugar de convivência, de encontros, de comunidade e de intensa relação social, ou seja, um espaço para o exercício da cidadania.
Por tudo isso, os foliões e organizadores de blocos que desfilam esse ano devem ter consciência de seu papel ao brincar o Carnaval de Rua. Não devem se esconder atrás dos valores do uso do espaço público e da liberdade de expressão para se furtarem do respeito ao próximo, da propriedade alheia e do próprio bem comum, num ato de individualismo e egoísmo paradoxal, quase insano, de acreditar que o Carnaval de Rua é um salvo-conduto para não praticar as noções básicas de cidadania, o que é justamente o oposto.
Por outro lado, os moradores, principalmente aqueles que não gostam desses dias de folia, também devem ter consciência da importância do carnaval de rua como um evento coletivo e espontâneo ao exercício da cidadania. O exercício da tolerância é cidadania e significa respeitar o diferente ou que não concorda.
Bora brincar o carnaval de rua!
Ricardo Zambo é advogado, morador da região e idealizador do Bloco Passaram a Mão na Pompeia