Saúde pode significar uma saudação, uma comemoração de fim de ano, nascimento, casamento ou aniversário, mas também aquilo que se precisa para viver bem. Saúde, ou a falta dela, é um tema que não se esgota nas rodas de discussão, vai da falta de leitos, médicos, infraestrutura, reforma de hospitais, instalação de unidades básicas, mas ao que parece, no Pronto Socorro da Lapa, o interesse de pessoas de fora do conselho da unidade no debate tem incomodado os de dentro.
Como todos são voluntários a serviço da melhoria da unidade de Saúde, é incompreensível a rejeição e a crítica à matéria “Membros da OAB e CPM são barrados no PS”, publicada dia 19 de agosto, que mostra o interesse de outras instituições em se somar à causa do Pronto Socorro para solucionar problemas graves de infiltrações, telhado, acessibilidade, entre tantos outros. Na edição de 26 de agosto, a Secretaria Municipal da Saúde respondeu na matéria “Secretaria esclarece episódio que barrou OAB e CPM em visita ao PS Lapa”, publicada pelo JG, onde a Coordenadoria Regional Oeste afirmou ter conhecimento das demandas existentes no PS e, junto com o Distrito de Saúde (DS) da Lapa e Conselho Gestor do PS Lapa, criou um grupo de trabalho para acompanhar o processo. Informou também que os problemas constam no cronograma da coordenadoria como prioridade. Ou seja, nada é novidade.
O episódio da visita foi pauta da última reunião do conselho do PS essa semana. O prédio do Pronto Socorro tem 50 anos e, é verdade, necessita de investimento em melhorias nas instalações, que também foram prometidos e não saíram do papel na gestão passada. Ali foi prometida até a transformação do espaço em uma UPA, nada aconteceu.
Os problemas se acumulam no PS. Os relatos e notícias de fuga de pacientes não são segredo. A facilidade de acesso resultou em outra denúncia essa semana: a de pacientes psiquiátricos, homens e mulheres, juntos em um mesmo espaço, quando deveriam estar separados. O registro foi feito com um celular dentro da ala, revelando deficiência no controle de entrada. Os familiares desses pacientes não devem ter gostado de ver as fotos expostas na rede social, como observou um grupo de conselheiros, mas outros acreditam que a irregularidade prestou um serviço em revelar a situação dos seus parentes da psiquiatria. O coordenador da Associação Saúde da Família, que tem contrato com a Prefeitura para gerenciar a unidade, explicou que devido ao incêndio ocorrido na ala psiquiátrica foram feitas melhorias e, entre elas, uma área comum onde os pacientes tomam sol.
Enquanto se travava uma discussão sem fim sobre punição ao responsável pelo vazamento das imagens, o secretário geral da OAB Lapa, Manoel Martins Gonzales, lembrou: primeiro é preciso resolver o problema do Pronto Socorro para depois se pensar na punição. O especialista em Direito tem razão. Primeiro é necessário cuidar da Saúde do PS Lapa, lutar pela liberação do recurso reservado no orçamento (cerca de R$ 1 milhão) para oferecer um atendimento digno aos usuários. O conselho precisa se abrir para outros conselhos, unir forças e tirar o PS Lapa da UTI. Fazer com que o poder público transforme o prédio de 50 anos em modernas instalações para o atendimento de qualidade à população.