Flávia Maia, presidente do Conseg da Lapa, convidou Bel Toledo, coordenadora do Tendal da Lapa, para participar da reunião realizada na segunda-feira (30) e discutir alguns problemas do centro cultural que são recorrentes nos encontros do Conselho Comunitário de Segurança.
Entre as queixas dos vizinhos está o barulho durante alguns eventos, falta de seguranças, consumo de álcool e drogas, dificuldades de diálogo com a administração e proibição do uso do espaço. Também participaram da reunião representantes de grupos que realizam oficinas no Tendal. Bel Toledo falou sobre a reestruturação que foi encarregada de realizar desde que assumiu o cargo e que não é possível deixar de realizar eventos no local. “O Tendal é um centro cultural. Eu tenho que fazer atividades e tenho que atender a comunidade. Não posso deixar de fazer atividades porque a gente tem vizinhos”, diz.
A coordenadora afirma ter realizado reuniões com os vizinhos, porém a maioria dos moradores que estava no Conseg alega não ter sido informada do encontro. Membros do Coral USP que ensaiavam no Tendal há dez anos se queixaram da perda do espaço, mas agradeceram por terem conseguido realizar os ensaios na Prefeitura Regional da Lapa. Já membros do grupo de capoeira GGBC afirmam ser perseguidos dentro do espaço e impedidos de realizar as aulas. Bel Toledo disse que é preciso seguir a programação para não ter conflitos de atividades. “O Tendal é por determinação do secretário (André Sturm) um centro de qualificação do circo. Tem várias linguagens, mas tem a linguagem do circo. Tivemos uma emenda parlamentar do vereador Eliseu Gabriel que foi destinada para o centro de qualificação do circo, foi com esse propósito que ele nos passou a verba de R$ 120 mil, com os quais eu fiz os tablados que foram feitos para circo e dança. Tudo feito dentro de normas técnicas para que essas atividades aconteçam. O tablado não é preparado para receber capoeira”, diz a coordenadora.
Bel Toledo também afirma que houve uma reestruturação das atividades e algumas deverão ser realizadas em outros espaços como o Teatro Cacilda Becker e Pelezão. “As atividades vão ser transferidas para onde vai ter o melhor atendimento”, diz. Os presentes na reunião criticaram a possível mudança de local.
Ao final da discussão, Bel Toledo concordou em se reunir com uma comissão formada por moradores do entorno e oficineiros para discutir o uso do centro cultural. Também será analisada a possibilidade de que, em dias de eventos, a entrada seja pela Rua do Curtume ao invés da Rua Constança, para diminuir a perturbação do sossego dos vizinhos.
Grupo é impedido de usar espaço
Após a declaração durante a reunião do Conseg Lapa de que os membros do GGBC (Centro Cultural Grupo Guerreiros do Brasil) estavam sendo perseguidos dentro do Tendal, o grupo foi impedido de realizar a prática na quinta-feira (2). O Mestre Pantera (André Ribeiro) relata o episódio. “Fomos impedidos pela segunda vez. Ela (Bel Toledo) falou que a gente tem que ir para o Pelezão, mas é fora de mão. Alegou que não poderíamos praticar por causa de uma obra, mas nem começou ainda. Eu falei que até entendo que tem que fazer melhorias, mas dessa forma demonstra que é perseguição. Ficamos encurralados. Ela fechou o portão, chamou os seguranças, a GCM. Ela não tem noção do trabalho que a gente faz, com mais de 100 crianças, atendemos várias comunidades, espaços culturais e educativos, e ela desmerece, quer fazer aquele espaço só de circo. Vai acabar com um trabalho que acontece há mais de dez anos”, diz. O GGBC pratica a capoeira nas terças, quintas e sábados, e vai realizar a aula deste sábado (4), normalmente. Também na quinta-feira (2), após o grupo de capoeira ter sido impedido de entrar, denunciantes afirmam que aconteceu uma festa de hip hop no espaço, com consumo de álcool e drogas dentro do centro cultural.