Enquanto continua o clima de polarização política em toda parte, com os olhares focados em quem irá assumir a presidência do País, os acontecimentos não param em nossa região.
Receberemos na próxima semana a São Paulo Fashion Week, o evento mais importante de moda da América Latina. Esta edição é acompanhada por um manifesto sobre a transformação e ressignificação de espaços a partir da criatividade. O evento acontece em um galpão industrial na Vila Leopoldina. A justificativa da organização para realizar a SPFW aqui é justamente o processo de mudança pelo qual passa o bairro, que estaria alinhado ao tema Tran[SP]posição.
Acompanhamos essa transformação na Leopoldina e todos os conflitos envolvidos. Temos a discussão do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Leopoldina, proposto pela Votorantim, que divide opiniões. Parte da população vê com bons olhos a proposta de reurbanização que inclui habitação de interesse social para os moradores das comunidades do entorno da Ceagesp. Outros criticam a separação das comunidades e transferência para um terreno que precisa passar por um processo de descontaminação, entre outras questões.
Um ponto bastante sensível é o fato de que no quarteirão que fica atrás de onde será realizado o evento de moda, pessoas em situação de vulnerabilidade ocupam e vivem nas calçadas. A Prefeitura realiza ações de desfazimento de barracos e desobstrução dos passeios, mas o trabalho de assistência encontra dificuldades para conseguir aceitação e encaminhar essas pessoas para os equipamentos da região. Percebe-se um constante movimento de vai e vem desse público, que sai durante as ações de zeladoria e depois retorna para o mesmo lugar. A transformação que acontece na Leopoldina é boa, mas para ser ideal precisa ser acompanhada de uma solução humanitária para os problemas sociais.
Já uma curiosidade é que Daniela Thomas, filha do Ziraldo, é a cenógrafa e cocuradora desta edição da SPFW. Trabalho em dobro na região já que ela também esteve por aqui para finalizar a montagem da exposição “Os Planetas de Ziraldo”, que marca a inauguração da Casa Melhoramentos. Em meio a um processo de verticalização que ocorre em toda a cidade, é reconfortante olhar para o prédio de três andares, o primeiro do bairro, coexistindo com a transformação e trazendo ao presente um vislumbre do passado. O que podemos concluir em 428 anos de Lapa é que estamos em um processo de mudança constante.