Mais uma vez zeladoria é a palavra da vez. Se pensarmos na etimologia da palavra, ligada a zelo, a cuidar, proteger bens materiais ou pessoais, fica claro como isso está diretamente ligado ao papel dos órgãos responsáveis pela manutenção da cidade e ao nosso também, na medida em que podemos colaborar.
Cuidar de uma megalópole como São Paulo, com 1500 km² e mais de 12 milhões de habitantes é uma tarefa verdadeiramente hercúlea. E o que torna tudo ainda mais complicado é que não se trata apenas de manter, mas melhorar em muitos aspectos. A cidade cresceu de forma desordenada e a manutenção não foi feita na velocidade em que era necessária. Por isso temos a impressão de que a cada vez que um buraco é tapado, cinco novos surgem, entre outros exemplos. Da mesma forma que uma casa precisa de cuidados para amenizar os impactos que sua estrutura sofre diariamente, a cidade também precisa.
Conversando com Alexandre Modonezi, que esteve na redação durante a semana, um dos assuntos foi essa mudança do papel da prefeitura. O secretário disse que essa concepção de zelar pela cidade é algo relativamente novo, sendo que a cultura anteriormente entre os agentes públicos era a de inaugurar obras. É muito difícil conceber que uma estrutura como a do Minhocão, por exemplo, saísse do papel nos dias de hoje. Há anos discutimos intervenções de grande porte como a Operação Urbana Consorciada Água Branca e o PIU Leopoldina, que afetam um grande número de pessoas e podem transformar consideravelmente o cenário urbano, ao mesmo tempo em que ainda precisamos de atenção nos serviços básicos, como poda de árvores e tapa-buracos.
Na reunião do Conselho Participativo Municipal da Lapa essa discussão também aconteceu. Os conselheiros falavam sobre questões macro como a reabertura do Hospital Sorocabana e a remoção de famílias no Jardim Humaitá quando um morador presente expôs queixas de serviços. Ele disse que participou da reunião de zeladoria da subprefeitura e lamentou a baixa participação. De fato, os lapeanos deviam aproveitar esse canal de comunicação direto para cobrar suas demandas, ouvir outras pessoas e os problemas que as afetam e conhecer quem está à frente da administração regional.
É nessa dinâmica, de ainda ter que zerar a fila de serviços básicos de manutenção ao mesmo tempo em que se discute grandes intervenções urbanas, que a nossa cidade existe. Esta semana o prefeito Bruno Covas anunciou as alterações no plano de metas da prefeitura, com grande foco na zeladoria. No que diz respeito à região, vamos acompanhar de perto se as ações previstas nessa promessa do governo estão suprindo as recorrentes demandas que temos aqui.