Curiosamente o primeiro editorial que escrevi aqui no jornal foi justamente sobre o aniversário da Lapa em 2017. Já em 2018, a temática além da comemoração foi a transformação urbana e o PIU Leopoldina que, passado mais um ano, segue em discussão e terá uma nova audiência pública na próxima terça-feira (15). O ano mudou, mas os temas nem tanto. Se em 2018 citei a importância de conservar o patrimônio histórico, como a antiga fábrica da Melhoramentos, diante da construção de novas torres, hoje essa verticalização segue galopante e ameaça, por exemplo, a Casa Amarela, uma das primeiras construções da Vila Romana. O crescimento da cidade, que é inevitável, deve ser feito de forma ordenada.
Uma mudança de paradigma que ficou muito clara é a questão das árvores no bairro. Apesar de ativistas sempre terem brigado pela preservação do verde, ano passado tínhamos muitas reclamações sobre a necessidade de realizar podas. Com o mutirão feito nos últimos meses pela Enel, com podas consideradas pelos moradores como verdadeiras mutilações, a população marcou presença na reunião do Cades essa semana e demonstrou grande preocupação com a retirada de antigas árvores em uma cidade de milhões de habitantes. Espera-se que, nos casos de supressão de exemplares arbóreos, a reposição se dê o mais rápido possível, e se alguma das árvores teve cortes além do que era previsto, que os responsáveis sejam punidos.
De novidade, ganhamos uma ponte, demanda antiga dos nossos vizinhos de Pirituba, mas que não tranquiliza muito os moradores da Lapa, que questionam a garantia de que a obra vai ser de fato uma solução.
Ainda, mais um ano se passou e o Hospital Sorocabana e o Parque Leopoldina Orlando Villas-Bôas permanecem fechados, com pequenos avanços no que diz respeito à transferência de terrenos e disponibilidade de verbas. Bom seria se no próximo aniversário da Lapa essas duas questões já tiverem sido resolvidas.
A Lapa, que é apenas 36 anos mais nova que a cidade de São Paulo, tem uma história muito interessante e é, de forma geral, um ótimo lugar para se viver. Que neste final de semana, além de aproveitar a programação que acontece na Rua Doze de Outubro, no Tendal, Viaduto Antártica e União Fraterna, entre outras que continuam durante o mês, os moradores daqui, sejam os pioneiros ou recém-chegados, façam uma reflexão sobre o que é necessário para que o bairro seja melhor para todos. Os problemas que ainda persistem têm solução. É preciso lembrar disso em outubro do ano que vem, pouco antes do aniversário de 430 anos da Lapa, e escolher com muito critério quem irá para a Câmara Municipal e Prefeitura.