Fim de ano é sinônimo de diminuir o ritmo, encerrar ciclos e se preparar para descansar e para as festas? Não, pelo contrário. Muitas coisas acontecem nesses dois últimos meses que merecem nossa atenção.
Sejam as discussões do orçamento para o ano que vem ou projetos de lei avulsos, que muitas vezes acabam passando sem que a população sequer saiba que foram discutidos. Por exemplo, os ajustes na Lei de Zoneamento. A audiência pública sobre a Zona Oeste e Centro não teve a participação que era de se esperar, considerando a quantidade de pessoas que vivem e trabalham nessas regiões. Um dos pontos levantados por um munícipe na audiência e que faz bastante sentido é o de que, se for permitir a construção de prédios mais altos, que seja para habitação de interesse social, não empreendimentos comerciais. Temos um déficit muito grande de habitação na cidade e concentração de conjuntos comerciais nas áreas mais valorizadas. Seria muito mais interessante incentivar a construção de escritórios nas áreas periféricas, o que inclusive geraria vagas de emprego em locais que precisam, e habitações populares em áreas centrais, de forma a combater a gentrificação.
Além da questão social, é muito importante cobrar a garantia que nos processos de adensamento não ocorram prejuízos ambientais e de qualidade de vida. Trazer novos moradores para a região que não vão conseguir sair das garagens de seus prédios por causa do trânsito ou terão problemas com a rede de esgoto é o contrário do que pode ser entendido como desenvolvimento.
Outro acontecimento muito importante deste final de ano é a audiência pública sobre o Hospital Sorocabana que acontece nesta segunda-feira no Teatro Cacilda Becker. É esperado que os secretários de saúde do Município e do Estado estejam presentes, e são eles os principais responsáveis para dar um encaminhamento para a reabertura do tão necessário hospital da Lapa. Tudo começa com a garantia de que o terreno do Sorocabana, que atualmente pertence ao Estado, seja passado à Prefeitura. Sem isso, nenhum investimento poderá ser feito. Garantindo a municipalização, podemos começar a discutir as outras pendências como a necessidade de reforma, aquisição de equipamentos, contratação de funcionários e o dinheiro para fazer tudo isso acontecer.
Sintam-se todos convocados a participar da audiência, mesmo quem não for usuário do SUS. A maioria das pessoas não tem condições de pagar os exorbitantes preços de exames e consultas particulares, nem possuem planos de saúde. Às vezes, nem um emprego. Acesso à saúde é um direito e todos nós podemos precisar em algum momento da rede pública. É bom que ela exista e esteja perto de nós.