Festa na cidade

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O carnaval de rua de São Paulo ganha novas e maiores proporções a cada ano. Todas as 32 subprefeituras da cidade contarão com desfiles e a maior concentração de blocos será nos distritos da Sé, Pinheiros e Lapa. Essa distribuição equilibrada por toda a cidade é algo difícil de acontecer. Basta lembrar do Mapa da Desigualdade 2019, publicado pela Rede Nossa São Paulo, que apontou que 53 distritos não têm nenhum centro cultural, casas ou espaços de cultura, 23 não contam com equipamentos públicos de cultura e 42 não possuem teatros.

Em relação ao carnaval, a festa sempre foi um divisor de opiniões. Há quem viva para esperar o carnaval do ano seguinte e quem odeia a muvuca. O quesito música nem pode ser considerado, já que hoje existem blocos para atender os mais variados gostos, bem como tamanhos diversos que vão dos mini cortejos de bairro aos megablocos que podem receber mais de cem mil pessoas.

Na Lapa teremos 73 blocos de rua, quase o dobro do ano passado. Será necessária muita organização e sinergia entre os diferentes órgãos como GCM, CET, Prefeitura e Polícia para que os eventos sejam convenientes para todos: os foliões e os moradores que não querem participar.

Um dos pontos de conflito foi a escolha da Avenida Doutor Gastão Vidigal para receber os eventos de grande porte. Vizinhos da via ficaram preocupados com o tumulto potencial que os desfiles podem causar. É lá também que está a Ceagesp, maior entreposto da América Latina, que opera 24 horas, todos os dias. É exagero dizer que algumas horas de evento possam causar um impacto considerável no abastecimento da cidade, mas um esquema de funcionamento deverá ser pensado para que não haja perdas de produtos frescos e os caminhões consigam seguir seus trajetos de carga e descarga.

Da mesma forma é muito importante que todos respeitem o combinado. É natural querer ficar mais tempo em um evento que está bom, mas é péssimo que a dispersão seja feita de forma agressiva pelos agentes de segurança.

Quanto à limpeza, salvo algumas exceções, a Prefeitura conseguiu dar conta das demandas no ano passado. Essa é uma das vantagens das festas de rua acontecerem de forma descentralizada. Quem passou pela Vila Madalena nos dias seguintes ao feriado, quando o bairro era um dos principais focos do carnaval na cidade, deve lembrar das montanhas de lixo, quase da altura de uma pessoa.

Com planejamento dos órgãos públicos e colaboração das pessoas, no sentido de respeitar os horários, não jogar lixo no chão e evitar o uso de garrafas de vidro, o carnaval de rua poderá ser um sucesso. Toda forma de cultura deve ser valorizada.

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