Salvar vidas

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A cada semana avançamos no processo de reabertura dos setores da cidade para a retomada da já bastante prejudicada economia. Retomada essa que virá cheia de restrições e multas de R$ 5 mil para os comércios que receberem pessoas sem máscara e de R$ 500 para quem estiver por aí sem a proteção. O ideal seria que isso tivesse sido feito desde o início, evitando que muitos negócios, sobretudo os pequenos, quebrassem. Mas quando o fator humano entra na conta, não podemos supor que o bom senso venha junto. As pessoas deveriam respeitar a quarentena independente de ser ou não uma ordem do estado. Ah, e entender que uma máscara no queixo não serve para nada… Apesar dos altos custos, a obrigatoriedade do fechamento do comércio talvez tenha sido mesmo necessária.

Vimos também durante a semana o fechamento do Hospital Municipal de Campanha do Pacaembu após supostamente cumprir seu papel na pandemia. Mas é estranho que por volta do dia 22 de junho, quando começou a ser divulgado que a unidade encerraria as atividades, a Prefeitura divulgou uma nota dizendo que “não há, neste momento, qualquer decisão que envolva o fechamento dos Hospitais Municipais de Campanha do Pacaembu e do Anhembi, unidades fundamentais na estratégia que está garantindo atendimento aos paulistanos e já evitou a perda de pelo menos 30 mil vidas na cidade”, com o adendo de “lamentamos que nesse momento de pandemia a imprensa divulgue fake news”. É, a imprensa sempre sendo desacreditada por governos, para logo em seguida, especialmente nas campanhas, ouvir sobre a sua grande importância para a democracia. Mas acabou que não era fake news e o hospital de fato foi encerrado. A retratação não vamos ver por aí.

É interessante essa conta de que os hospitais provisórios evitaram naquele momento a perda de 30 mil vidas para a pandemia. Será que, da mesma forma que foi mensurada a quantidade de pessoas salvas com os hospitais, quantas vidas seriam salvas ao longo dos últimos anos se todos na cidade tivessem habitação decente? Incrível montar e equipar tão rápido um hospital, enquanto famílias aguardam há anos as moradias previstas pela Operação Urbana Consorciada Água Branca. Quantas vidas seriam salvas se houvesse atendimento de saúde adequado para todos na cidade, do jeito que já é previsto pelo SUS, mas que não funciona na prática? Quantas vidas seriam salvas se a educação e os professores fossem mais valorizados e as crianças vulneráveis tivessem acesso a opções de futuro longe da criminalidade?

Alguém deveria fazer essas contas. As eleições municipais foram postergadas para novembro, mas vão acontecer.

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