Nossa vida moderna implica em uma série de negociações, com o objetivo de conseguir o melhor custo-benefício para as nossas necessidades ou desejos. Um bom exemplo é a Black Friday que tivemos nessa sexta-feira. Já incorporamos a cultura de monitorar preços algumas semanas antes para não cair nas pegadinhas das ofertas de produtos pela metade do dobro. O próprio comércio tem boas expectativas para a data.
E sempre é válido questionar alguns valores nas datas comerciais. Se nos mobilizamos para o nosso consumo, também podemos empenhar recursos para ajudar quem mais precisa. Uma oportunidade acontece na próxima terça-feira (30), com o Dia de Doar (originalmente Giving Tuesday). Temos muitas instituições e ONGs que fazem um belo trabalho social na região e colaborar para que elas possam manter suas atividades é algo que poderia estar na nossa agenda mensal. Não precisa ser uma grande contribuição. Toda ajuda é bem-vinda.
E quando levamos o tema “negociar” para a política, tudo fica um pouco mais complexo. Sabemos que há um forte quid pro quo, ou seja, uma “troca” nas relações de poder. Um vereador que pede votos para um bairro, naturalmente vai prometer atender suas demandas caso seja eleito. Se não o fizer, suas chances de conquistar os mesmos votos vão cair consideravelmente.
Políticos, sobretudo os do legislativo que criam as leis, têm o papel muito importante de negociar aquilo que trará o maior benefício público. Que vai beneficiar toda a cidade ou ao menos o maior número de pessoas possível.
Essa semana tivemos mais uma discussão sobre a lei que permitirá a implantação do PIU Leopoldina. As comunidades do entorno da Ceagesp estão bem engajadas e conscientes sobre o que está em jogo para elas. Uma oportunidade ímpar de conseguir moradias melhores do que as que vivem hoje, no bairro que já habitam. Mas há quem questione o aspecto econômico do projeto como um todo, que poderia ter mais benefícios vindos do proponente privado.
Um negócio só é fechado quando as duas ou mais partes envolvidas sentem que estão em uma situação de vantagem. Após sete audiências públicas está claro que há interesse e necessidade de que o PIU avance. Mas calibrar as contrapartidas é algo que pode sim ser negociado. Um pouco menos de lucro e mais benefício público seria o ideal, o mais nobre a ser feito em tempos tão difíceis. O que não pode é o projeto entrar num ciclo de discussão eterno e nunca ir para frente. Não precisa ser perfeito, mas pode ser equilibrado.