Direito e dever

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É muito difícil não defender o voto facultativo no cenário em que vivemos. Conversando com muitas pessoas, é frequente escutar que elas vão escolher “o menos pior”, ou que não acreditam mais em nenhum político, ou que só vão votar em um candidato para impedir que o outro rival ganhe, ao invés de realmente concordar com o projeto de quem estão votando. Não fosse obrigatório, talvez existisse uma consciência maior da importância de participar e de que o voto é um direito, uma conquista. Mas é também um dever.

Se o Dia D da vacina foi a data mais esperada no contexto absolutamente atípico de se viver em uma pandemia, esse domingo também é emblemático para tantas outras pessoas que viveram à flor da pele a polarização. Ser contra ou a favor do atual governo foi a conversa dominante em muitas esferas. Ouso repetir, como já disse em um editorial passado, que a política e o acompanhamento de outros órgãos que não despertavam tanto interesse tiveram uma atenção ímpar nos últimos quatro anos.

Não foram poucas as manifestações, protestos, ruas tomadas cada hora por um dos lados e os panelaços. O episódio mais grave da região foi logo em abril de 2020, quando um morador de Perdizes realizou disparos contra as janelas de prédios vizinhos durante as manifestações caseiras. Segundo a perícia foi utilizada uma arma de pressão e, felizmente, o prejuízo foi só material, o que não faz dessa ocorrência menos absurda.

É fundamental lembrar que seja lá quem estiver no cargo executivo máximo de Brasília no ano que vem, essa pessoa não tem poderes ilimitados, nem autonomia para fazer o que quer. Nunca terá enquanto vivermos sob um regime democrático. E que assim seja. Na falta de identificação com os presidenciáveis, ou mesmo com ela, é imprescindível eleger candidatos de qualidade no legislativo. Tudo passa pelas duas casas, do orçamento às leis, do controle do presidente aos nossos interesses como moradores do mesmo estado ou nação.

Passadas as eleições, o que o futuro nos reserva? Certamente não a plenitude que tem sido prometida por todos os candidatos. Temos um potencial quase tão grande quanto as mazelas que ainda sofremos, incluindo a desigualdade, as dificuldades de inclusão, a ineficiência e o paradoxal mau uso do dinheiro público que acontece ao mesmo tempo em que faltam investimentos em todas as áreas. Precisamos de alguém que tenha esse olhar para nos colocar no rumo certo.

A evolução não será rápida, mas pode ser constante.

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