Resolver é melhor do que conviver

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Precisamos combater o hábito de só se importar com um problema quando ele bate na nossa porta. Coronavírus está aí (de novo), para nos lembrar que boas práticas devem ser constantes. Os relatos de pessoas com sintomas, felizmente mais brandos agora graças às vacinas, são crescentes. Estamos mais preparados e sabemos que o isolamento é recomendado, assim como o uso de máscaras caso sair seja inevitável.

Um problema que está por aqui há um bom tempo é a questão dos dependentes químicos da cracolândia. Passados oito anos, o governo reinaugurou o hospital da Rua Cotoxó que vai atuar como retaguarda do Hospital das Clínicas e atender dependentes químicos. O equipamento é muito bem-vindo porque o problema do vício deve ser tratado com política de saúde, não com violência na tentativa de espalhar as pessoas de um lugar para outro. O hospital da Pompeia é referenciado, ou seja, irá atender pacientes encaminhados de outras unidades, e não no formato portas abertas. Idealmente, a busca por tratamento deveria acontecer de forma voluntária. A internação involuntária só pode ocorrer por solicitação de um familiar ou responsável legal acompanhada de autorização médica. Existe ainda a internação compulsória, que ocorre mediante determinação judicial.

Se um hospital reaberto é motivo de celebração, moradores não estão tão tranquilos em relação a outra discussão que ocorreu na semana: a votação sobre a regulamentação das dark kitchens. Essas cozinhas industriais já estão em operação e causaram distúrbios para seus vizinhos. Ter regras orientando seu funcionamento se faz necessário, mas junto ao projeto das cozinhas veio um artigo que aumenta para 85 decibéis o limite de ruído em locais habilitados para receber eventos, desde que estejam previamente autorizados e sejam ocasionais, não fixos. Os dois temas mereciam ser tratados de forma separada, embora a boa convivência e a redução da incomodidade deveriam nortear as duas discussões. O interesse econômico não pode dar margem à permissividade.

Também é interessante a contínua transformação pela qual passa a Vila Leopoldina, que vai abrigar um grande conglomerado do ramo da publicidade em um mega escritório moderno e guiado pelas práticas da sustentabilidade, tanto na obra, incluindo a descontaminação do terreno, como no seu posterior funcionamento. Em alguns anos o bairro poderá ganhar um ar de Berrini. Saem as indústrias e chega a modernização. Quando há interesse, é possível fazer. Que as melhorias sociais, que também são necessárias por lá, sejam encaradas da mesma forma, sem gentrificação. Bairros devem ser diversos, os problemas podem ser resolvidos e a convivência pode ser boa.

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