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A dualidade é bem representada por aquele clichê que diz “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”. Dualidade porque se aplica a praticamente quase tudo. Ser disciplinado é bom, mas em excesso é estresse na certa. Lazer é bom, mas demais acaba no descumprimento ou não realização de responsabilidades.

E o que dizer da água? Obviamente um elemento essencial para a vida, mas que anualmente causa alguns transtornos. Da chuva excessiva que derruba árvores e causa alagamentos àquela que é somente incômoda, como a enfrentada pelos fãs de Harry Styles no show dessa semana, com uma fila que chegou até o Parque da Água Branca. A chuva foi a menor das intempéries, considerando que muitas dessas pessoas levantaram acampamento para o show um ano antes do evento.

E o problema não é a chuva, que é necessária. O problema é a falta de estrutura, manutenção e a resistência em implementar soluções mais sustentáveis. Foca-se tanto no tradicional, no que já foi feito, que não se considera as opções mais modernas e ecológicas. Não podemos ir na contramão do mundo ao insistir em colocar mais concreto em áreas que precisam ser permeáveis. Os resultados dessa lógica de conter os fluxos hídricos, cobrir os córregos e enxergar a água como resíduo ao invés de recurso, como bem foi dito na última reunião do Cades (Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz) da Lapa, são as ocorrências que vemos todos os verões. Enchentes, alagamentos, desmoronamentos, trânsito, caos.

Nesse sábado (10) acontece um protesto na Praça Rio dos Campos, para alertar sobre a importância da preservação da área verde e da sustentabilidade. Protesto pode soar errado, porque na verdade se trata da melhor forma de ocupação do espaço público. A comunidade reunida em um momento de lazer, mas sem abrir mão da responsabilidade cidadã da conscientização. A pequena praça tem uma relação afetiva com os vizinhos, é palco de bloco de carnaval e, neste final de semana, receberá um parque aquático móvel. Moradores cobram a preservação da área, que já foi cotada pela Prefeitura para a instalação de um reservatório de águas pluviais, o chamado piscinão.

Se cada pedacinho da cidade tivesse seus “protetores”, os avanços seriam enormes. Podemos citar também o Parque Orlando Villas-Bôas, que nunca deixou de ter quem advogue por sua reabertura, mas que infelizmente segue fechado, mesmo com liberação pela Cetesb, recursos e obras realizadas. Já podia ter sido liberado, ainda que de forma parcial, ao público. Será que somente no contexto das eleições, do pacote de “o que foi realizado”, é que esse acesso será permitido? Esperamos que não.

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