A ponte que nasceu ‘manca’

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Se a SP Obras, órgão da Prefeitura de São Paulo, cumprir à risca o cronograma das obras de construção da Ponte Lapa-Pirituba, liberadas agora pela Justiça, em três anos toda a região que envolve os dois bairros terá, finalmente, um de seus maiores gargalos de trânsito desafogado.

A solução para o problema crônico dos congestionamentos na Marginal e nas pontes do Piqueri e Anhanguera, no entanto, não foi dada pelo poder público. Se dependesse da iniciativa da Prefeitura, o projeto da ligação Lapa-Pirituba – que, aliás, foi incluído às pressas e sem consulta popular como artigo da lei da Operação Urbana Consorciada Água Branca -, não iria prever o óbvio: a construção de alças de acesso que permitissem a saída para a Marginal.

Para que a obra cumprisse seu papel, a população dos dois bairros precisou tomar a frente, se organizando e lutando para que a Prefeitura incluísse essa e outras melhorias no projeto. Foi uma luta de mais de três anos (já que a obra foi paralisada em 2020), que se somou às mais de três décadas em que os moradores da Lapa e de Pirituba vêm pressionando o poder público para que a ponte seja construída.

Em uma sociedade bem-organizada, é dever da população reivindicar seus direitos. Portanto, nada mais justo e louvável que os moradores estejam, agora, prestes a colher os frutos do que plantaram. O que espanta, por outro lado, é a total falta de visão dos técnicos da SP Obras ao elaborar um projeto de construção de ponte sem alças de acesso.

Se não fosse a pressão popular, Lapa e Pirituba iriam receber uma obra viária ‘manca’, que, na prática, não cumpriria o objetivo de ajudar a desafogar o trânsito na ligação dos dois bairros. E, o que é pior, todos os cidadãos paulistanos pagariam por ela a ‘bagatela’ de R$ 386 milhões, valor total do empreendimento somada a obra em si, o enterramento de rede elétrica, desapropriações e devidas compensações ambientais.

Absurdos à parte, o importante é que o projeto foi revisto. Temos, portanto, algo importante a comemorar. Mas é preciso que a população esteja sempre atenta, analisando e apontando discrepâncias em ações propostas pelo poder público, quando elas ocorrerem.

A bola está de novo nos pés do poder público. Resta aos moradores, agora, fiscalizar com afinco o andamento das obras da ponte, não permitindo que mais nenhum deslize venha a acontecer.

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