Além da zeladoria

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Ao anunciarmos mais uma troca de subprefeito em nossa região – a oitava desde que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) iniciou sua primeira gestão em 2022 -, temos uma novidade que pode ser positiva para a Lapa: ao contrário de quase todos os seus antecessores, Paulo Lucinda Telhada, conhecido por muitos de nós como coronel Telhada, foi um nome escolhido diretamente pelo prefeito. Ou seja, assume, a princípio, sem ter compromisso com nenhum dos vereadores, que costumam usar seus mandatos na Câmara Municipal para manipular a escolha dos subprefeitos e, assim, impor as regras nas regiões da cidade onde têm interesse. E, como sabemos, a Subprefeitura Lapa, por sua grande importância no território, sempre suscitou uma guerra de forças pelo poder no Legislativo.

Sem ter o rabo preso com nenhum vereador, Telhada assume tendo de prestar contas apenas para o próprio prefeito, como deve ser. Mas isto só, logicamente, não basta para esperarmos dele uma boa gestão à frente da Sub Lapa. Ao longo de sua jornada por aqui, o coronel deverá demonstrar habilidade para trabalhar como articulador das políticas do território, dialogando com setores da sociedade civil regional cada vez mais preparados e antenados com as necessidades dos bairros em áreas chaves, como Saúde, Segurança e Políticas Sociais.

Toda a região da Lapa passa hoje por uma enorme transformação urbanística, que será direcionada pelos PIUs Leopoldina e Arco Pinheiros, já aprovados, e pelos desdobramentos da Operação Urbana Água Branca. E todas essas mudanças vão exigir, é obvio, que o subprefeito se preocupe com bem mais do que tapa buraco e zeladoria verde. Muito embora Telhada terá de trabalhar, prioritariamente, neste início de gestão, para desburocratizar o processo de licitação para contratação de novas equipes de zeladoria para a Sub Lapa, que está parado no Tribunal de Contas do Município (TCM).

Como vantagem para exercer bem esse papel de articulador, é preciso ressaltar que Paulo Telhada conhece bem o território lapeano, sendo morador da região e tendo mantido um escritório político na Vila Romana enquanto exerceu o mandato de deputado federal pelo PP. Mas, por maior competência e boa vontade que o coronel venha a demonstrar, ele só poderá deixar sua marca por aqui se lhe for dado tempo para trabalhar. Se a política, na Sub Lapa, continuar sendo mudar o comando a cada seis meses, a população continuará sem ter um braço para articular e continuará recebendo um serviço ineficaz. Precisamos, além de um bom gestor, de um gestor que fique no cargo. É isso que os lapeanos esperam do novo subprefeito.

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