Adensamento e memória, juntos!

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Não é novidade que os bairros da região da Lapa passam, hoje, por uma transformação visível. Na Vila Romana, Barra Funda e na Leopoldina, por exemplo, o adensamento imobiliário toma conta, com as antigas áreas de várzea e os amplos galpões industriais cedendo espaço, rapidamente, para grandes empreendimentos residenciais – os chamados condomínios clube, que tornam essas áreas cada vez mais cobiçadas dentro da cidade. E mesmo na Pompeia e Perdizes, bairros aonde o adensamento chegou mais cedo, parece que sempre há espaço para mais um novo empreendimento….

Todo esse desenvolvimento, sem dúvida, é positivo, pois traz com ele os serviços e o comércio que facilitam a vida de quem mora por aqui. É o lado bom do progresso, que ninguém pode nem deve desprezar e que tenho destacado neste espaço com frequência. Mas, desta vez, quero abordar a questão do adensamento sob um outro prisma: o do risco de perdermos, aos poucos, a nossa identidade histórica, algo que não seria tão positivo, pelo menos para quem preza pela memória da nossa região.

A Lapa tem belos monumentos históricos – o prédio do Mercado Municipal, o edifício da União Fraterna, a Casa Amarela, nosso Marco da Lapa e a Torre do Relógio da Ceagesp são apenas alguns exemplos. Todos estes

verdadeiros ícones lapeanos não podem “desaparecer” em meio à selva de pedra que cresce com o desenvolvimento de todos os bairros que compõem a nossa região. E a única maneira de evitar isso é investindo na preservação desses monumentos, para que eles continuem se destacando em nossa paisagem.

É por isso que, em meio a toda essa transformação urbanística, quero destacar

uma boa notícia: a restauração, na Leopoldina, da Torre do Relógio da Ceagesp, um dos ícones do bairro, que em seus 56 anos de história tem servido não apenas para mostrar as horas, mas também para auxiliar na localização e servir como ponto de encontro dentro do entreposto.

Para mim, que moro na Leopoldina há 27 anos, a Torre do Relógio tem um significado especial. A visão da Ceagesp, com os enormes silos e a torre alta se destacando, foi um dos motivos de eu ter escolhido o apartamento em que moro, que tinha vista livre para a marginal e o entreposto e, com isso, me proporcionava conferir as horas da varanda de casa.

Com a demolição da “caixaria” anexa ao entreposto e a construção dos prédios em seu lugar, hoje não tenho mais a vista da torre, algo que lamento. Mas espero, de coração, que tanto o relógio quanto todos os outros marcos arquitetônicos da Lapa recebam especial atenção, para que assim se mantenham como  testemunhas da nossa memória.

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