Embora ainda não tenha havido uma manifestação oficial por parte do Grupo Votorantim desistindo de participar do leilão de venda de potencial construtivo adicional (outorga onerosa) referente ao Programa de Intervenção Urbana – PIU Leopoldina, está claro, para a comunidade da região que seria beneficiada com o projeto, que o PIU não mais sairá do papel por meio desse grupo privado.
Em reunião com lideranças comunitárias, dirigentes da Altre, braço imobiliário da Votorantim, explicaram que, diante de um cenário que a empresa entende ser repleto de incertezas, com a falta de esclarecimentos em pontos chave por parte da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), não há mais interesse em seguir adiante com essa proposta urbanística.
Diante disso, temos, então, um impasse. O PIU Leopoldina é, sem dúvida, um projeto fundamental para garantir o desenvolvimento de todo o bairro, com a revitalização de uma grande área, hoje degradada, lindeira à Ceagesp, que inclui a abertura de novos viários, construção de boulevards verdes, torres comerciais e, sobretudo 853 moradias de interesse social para acomodar as famílias que moram das comunidades CEASA. Ou seja, é imperioso que, de uma forma ou outra, este projeto saia do papel. Se não temos mais o interesse do privado, que, diga-se de passagem, foi o propoente do PIU em agosto de 2016, cabe agora à secretária Elizabete França a missão – nada fácil – de sensibilizar outros agentes do mercado a investirem no leilão, cujo lance mínimo é estimado em mais de R$ 200 milhões, com a contrapartida de construir torres com gabarito de quatro a cinco vezes maior do que o permitido na área pelo Plano Diretor.
Como bem disse a conselheira da Área de Intervenção Urbana – AIU Leopoldina, Maiara Rocha, a continuidade do PIU “não é mais apenas uma questão de moradia, mas acima de tudo de justiça social. Para que, finalmente, depois de uma longa espera de nove anos, o PIU Leopoldina se torne realidade e seja feita a tão sonhada justiça social, é preciso que o poder público e o Grupo Votorantim voltem a dialogar na tentativa de aparar as arestas existentes.
Afinal de contas, sabemos que, sem a participação da Votorantim, o êxito do leilão de outorga onerosa fica seriamente comprometido, e, com isso, a conclusão de todo um projeto elogiado por ser inovador e arrojado.