Cadê o bom senso?

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Imagine só a seguinte situação: horário de saída de escola, com aquela movimentação típica no entorno, de mães, pais e crianças atravessando ruas carregados de mochilas e lancheiras, abrindo porta-malas de carros ou seguindo a pé para suas casas. Em meio a esse burburinho todo, ao lado da escola uma fila de moradores de rua aguarda para entrar num centro de acolhida, alguns chegando a abordar as famílias que passam, pedindo um trocado. Sem dúvida, a preocupação com a segurança passaria a dominar esses pais, que temeriam uma abordagem mais insistente ou até um ato violento por parte de um desses moradores. Afinal, muitos deles, como se sabe, infelizmente apresentam problemas mentais ou de vício em drogas e álcool.

Pois é exatamente a essa situação de incômodo e perigo que a Secretaria de Assistência Social (SMADS) vai expor as famílias e os alunos que frequentam o Colégio Pré-Médico ou a Escola Adventista se seguir adiante com o processo de abertura de um Centro Temporário de Acolhimento (CTA) na esquina das ruas Dom João V e Gago Coutinho, a menos de 100 metros das duas escolas e em meio a uma zona residencial e de comércio, por onde passa um grande número de pessoas.

E a questão, aqui, está longe de ser higienista. O fato é que não podemos aceitar que a secretaria cogite locar um imóvel para atender mais de 300 pessoas em situação vulnerável – 200 que circulam na região da Lapa e mais de 100 que hoje são acolhidos pela unidade do Atende da Vila Leopoldina, cujo imóvel está em terreno da União e deverá ser devolvido -, colocando em risco o restante da população do entorno.

É claro que o problema dos moradores de rua é algo que precisamos enfrentar, principalmente nas grandes cidades. Para tanto, a Prefeitura presta um grande serviço, oferecendo, por toda a cidade, uma estrutura de atendimento, acolhimento, reeducação e encaminhamento que envolve não apenas a Secretaria de Assistência Social, mas também a Secretaria de Saúde e outros órgãos.

Mas, para que esse processo de resgate da população em situação de vulnerabilidade que vive em nossa cidade seja realizado de forma eficiente, é preciso bom senso e um mínimo de discernimento.

Com certeza, nós, como sociedade civil, não temos o direito de exigir do poder público simplesmente segregar todas essas pessoas, cercando-as em guetos. Isso, inclusive, não seria necessário, já que em nossa região há locais, na Avenida Queiróz Filho ou mesmo na Avenida Gastão Vidigal, na Leopoldina, onde a população de rua poderia ser atendida sem causar incômodo. No entanto, vamos exigir, sim, que o poder público cumpra seu dever de promover justiça social para todos, planejando melhor onde investir o dinheiro que arrecada com o esforço de todos nós!

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