Todo mundo está com medo do mosquito da dengue. Um inseto pequenino que vem derrotando muitos moradores. No início da semana, o mosquito fez sua primeira vítima, um menino de seis anos do vizinho Jaguaré, distrito que lidera com o maior número de casos de dengue (324). O garoto diagnosticado com dengue hemorrágica não resistiu. 

A equipe da Secretaria Municipal de Saúde realizou três dias de nebulização – segunda, terça e quarta-feira – pelas ruas da região. O fumacê tem a finalidade de matar os insetos adultos, aqueles responsáveis pela transmissão da doença. Por outro lado, o órgão de saúde alega que os agentes encontram dificuldades para eliminar os criadouros (que se formam em recipientes com água limpa e parada) durante a visita casa a casa. A secretaria revela que cerca de 30% dos moradores não abrem suas casas ou parte delas estão fechadas para locação ou venda. Esses imóveis também são apontados como possíveis focos do mosquito. Neste quesito as imobiliárias, responsáveis pela negociação dos imóveis, podem ajudar no combate ao mosquito Aedes aegypti, abrindo as casas desocupadas para o trabalho das equipes da secretaria. 

O rápido avanço da doença colocou toda a comunidade em alerta vermelho. Já são 158 casos na região da Lapa, mas a boa notícia é que todos podem ajudar. Basta prestar atenção e eliminar qualquer possível recipiente propício a se transformar em um criadouro.

Vale lembrar que a mesma água que serve para procriação do mosquito (fêmea) é a que mata nossa sede e usada na higiene. Por isso, quem armazenar água com medo do rodízio ou racionamento (por causa do nível baixo do Sistema Cantareira em menos de 12%), não pode esquecer de tampar os reservatórios ou caixas d’água para não causar insegurança na vizinhança e transformar a iniciativa em mais um problema de saúde pública com proliferação do mosquito. 

Por falar em participação da comunidade, as quase sete mil assinaturas de um abaixo-assinado e as manifestações da comunidade escolar, direção do colégio Madre Paula Montalt, pais, alunos, associações e lideranças políticas garantiram a manutenção de mão única no trecho da Rua Carlos Weber (entre a Rua Brentano e Schilling). A CET ouviu a voz da maioria. 

Mesmo com tantas assinaturas, algumas pessoas se manifestaram contra a manutenção do sentido único, mas as representantes da CET – apesar de confirmarem o estudo para mão dupla e o recebimento de reclamações de fila dupla – anunciaram: a mão única será mantida.

Esse episódio prova que a união faz a força. E é dessa forma que também vamos vencer o mosquito transmissor da dengue. 

Faz muito tempo que estamos alertando as autoridades e a comunidade para o problema da dengue na região. Editorial Carnaval da dengue (edição 602 – de 1 a 7 de março de 2014), Dengue coloca moradores da Rua Sepetiba em alerta (edição 602 – de 1 a 7 de março de 2014), Dengue avança para Vila Romana (edição 603 – De 8 a 14 de março), Dengue se espalha pela Lapa e Leopoldina (edição de 29 de Março a 4 de abril), e por ai vai. Muitos nem prestaram atenção. Resultado. Dos 98 distritos da Capital, a Lapa tem hoje 112 casos da doença e perde apenas para o vizinho Jaguaré com 208 casos de contaminação pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Somados, os dois distritos da Subprefeitura Lapa tem quase um terço de todos os registros da Cidade: 320 casos. Os dados foram divulgados pelo secretário Municipal de Saúde na última quinta-feira.Por várias semanas cobramos da secretaria dados regionais dos casos de dengue porque as informações somente chegavam à redação por e-mail ou telefonema de moradores contaminados A cada matéria cobrávamos providências da secretaria e alertávamos a comunidade para os sintomas e eliminação de recipientes que pudessem acumular água e se tornar um criadouro do mosquito.Uma casa da Rua Croata chama atenção de quem passa pela faixa pendurada no portão. Uma espécie de pedido de ajuda para conter o avanço da dengue na região. “Agradeço a todos os vizinhos que não permitiram a vigilância sanitária dedetizarem suas casas. Espero que vocês não contrariem a dengue assim como eu, meu irmão e muitos outros moradores dessa rua. Ao poder público, agradeço por se preocupar com a copa e ignorar o surto de dengue na Lapa”, diz a faixa. Na residência os irmãos Renato e Fabiana Moreno contraíram a doença. A vizinha Lídia Gomes Estevão esbraveja: parece que é mais importante para o prefeito a Copa do que a saúde das pessoas. Seu filho também teve dengue. Assustados com o sobrevoo do mosquito, a dona da banca de jornal e moradora da Rua Sepetiba, Iene Alves, faz a contabilidade dos moradores contaminados. Ela já listou 38 casos de dengue. A cada começo de semana sua lista cresce. Ela teve dengue e acredita que o número divulgado pela secretaria é irreal. Pouco mais adiante, na Rua Húngara, Rosa Belinello, seu marido e filho foram contaminados pelo inseto. Assim como Iene, ela faz o levantamento nos cerca de 500 metros de rua. A lista de Rosa já conta com 58 casos, só da Húngara. Somando só os casos da Sepetiba e Húngara, são 96 pessoas com dengue na região. De acordo com os dados divulgados pela secretaria, quinta-feira, 3, desde 1º de janeiro foram notificados 1166 casos na capital. Há uma semana eram 751. Em uma semana o número cresceu 55% em toda a Cidade.A secretaria sempre informa que realiza os serviços de prevenção e destruição de qualquer possível criadouro, mas a comunidade reclama que o serviço demora e nem sempre é feito a contento, por isso o mosquito avança. Eles têm razão, não se vê tantas equipes fazendo fumacê pelas ruas como em anos atrás. Diante dos números, o secretário anunciou que a administração municipal fará uma ação conjunta com a subprefeitura de Pinheiros (vizinho da Lapa) e a Prefeitura de Osasco, município localizado no limite com a região do Jaguaré, para conter o avanço da dengue. As equipes da vigilância farão aplicação de larvicida para conter criadouros (as larvas) e nebulização para eliminar o mosquito (adulto). Agora resta os moradores contribuírem, abrindo as casas. Dengue mata!