O projeto Mapa Xilográfico
idealizado pelos artistas Diogo Rios e Milene Valentir mudou o olhar de
moradores e estudantes da Escola Estadual Zuleika de Barros sobre o
bairro com a pergunta “Onde estão as arvores da Pompéia?”
A intenção, segundo eles, foi questionar a relação, muitas vezes
destrutiva, das pessoas com o local onde vivem e estudam. A primeira
fase do projeto envolveu moradores antigos do bairro e, na segunda
fase, jovens estudantes da escola localizada na Avenida Pompéia. “O
projeto fez os alunos refletirem sobre questões que envolvem o
dia-a-dia como Onde estão as arvores do meu caminho? Qual a paisagem do
seu percurso cotidiano? Qual a história da urbanização do seu bairro?”,
explica Diogo Rios. “Iniciamos o mapeamento com antigos moradores e
seus relatos de uma outra Pompéia, reflexões sobre o tempo presente e
mapeamento das árvores cortadas (com impressões retiradas dos todos das
espécies). A segunda fase foi com os estudantes da Escola Estadual
Zuleika de Barros que mapearam o entorno da escola e dos bairros onde
moram e estudam (Pompéia, Jaraguá e Pirituba), possibilitando uma
comparação entre as diversas paisagens”, completa ele.
O resultado foi transformado em vídeo, feito pelos alunos, que além do
mapeamento das árvores e da história do bairro levaram intervenções
urbanas para o espaço público com frases em tocos de árvores com
provocações e reflexões sobre a cidades e o conflito entre a terra e o
asfalto. Pelas ruas do bairro como a Avenida Pompéia, os estudantes
colocaram placas com frases alertando para a preservação das espécies
como “a bolsa não pode cair, mas as árvores ….”.
Para os estudantes, não se pode olhar as guerras do Irã e Iraque, se
não percebemos o que acontece dentro do bairro. Morador há 70 anos na
Pompéia, Antonio Camargo Tavares Bastos ficou satisfeito em participar.
“Foi uma maravilha, resgatou o bairro”.
Já o aluno Júlio César Lopes conta que o projeto teve um significado
especial. “Mudou a minha vida e meu modo de ver a natureza”, afirma o
jovem estudantes.
Para os idealizadores, o processo só foi possível porque teve o
envolvimento de todos: moradores e estudantes. “A gente abriu o diálogo
e eles toparam desenvolver essa relação com a natureza. Primeiro fomos
casa a casa, um foi indicando o outro, formando uma rede de amizade.
Todo tipo de encontro aconteceu. A idéia era fazer essa ligação dos
moradores mais antigos com os mais jovens. Eles contribuíram para
resgatar a história da Pompéia”, encerra Rios.

A área da antiga favela Aldeinha, ao lado
da ponte da Ponte Júlio de Mesquita, vai virar uma obra de arte a céu
aberto com a execução do Bloom Project Aldeinha do artista francês Jean
Paul Ganem. O projeto foi lançado na quarta-feira, 11, no Teatro do
Sesc Pompeia. Entre as autoridades presentes estava o secretário do
Verde e Meio Ambiente Eduardo Jorge, vereador Floriano Pesaro,
assessores da Subprefeitura da Lapa e da diretora de Responsabilidade
Social da FIESP, o ex-morador da Aldeinha, Brito Knight e o presidente
do Comissariado brasileiro do Ano da França no Brasil, Danilo Miranda,
que lembrou: o Bloom Project faz parte das comemorações do Ano da
França no Brasil.
Desde 1992, o artista realiza projetos de intervenções paisagísticas
com o plantio em larga escala. Suas obras são executadas em colaboração
com as atividades humanas existentes nestes locais. Ganem já realizou
50 trabalhos em diversas regiões na França e no Canadá. Entre as mais
celebres está o Jardin du Capteur, realizada a convite do Cirque du
Soleil, em um dos maiores aterros sanitários de Montreal, no Canadá. O
novo projeto de Ganem conta com a realização da Brazimage Productions e
parceria com a Prefeitura de São Paulo por meio da Secretaria de Verde
e Meio Ambiente, Subprefeitura da Lapa, e da Dedalus além de
organizações sociais como o Arrastão, Instituto Romã e Reciclázaro.
Projeto
Ganem explica que no terreno de 17 mil metros quadrados será
transformado em uma tela feita com o plantio de flores, plantas,
retratando a favela que existia no local. A iniciativa vai envolver a
comunidade removida da área em oficinas de jardinagem e marcenaria. Das
pessoas que participarem da capacitação, cinco serão selecionadas e
remuneradas para a manutenção da área verde. Paisagistas de renome
serão convidados para as palestras.
Segundo o diretor da Brazimage e coordenador do projeto no Brasil,
Mozart Mesquita, o objetivo é que aqueles que não ficarem no projeto
sejam encaminhados ao mercado de trabalho ou absorvidos pelos próprios
paisagistas. Em três semanas, um site entra no ar
(www.bloomproject.org.br) para captação de recursos. Serão 17 mil cotas
no valor de R$ 100,00 cada. “A ideia é começar o plantio no início do
ano e concluir até abril. Ao final, as pessoas que compraram cota
receberão uma foto do projeto assinada pelo artista”.