Debates esvaziados

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Na cobertura que fazemos dos eventos organizados por diferentes instituições da região, um aspecto comum tem chamado a atenção da reportagem nos últimos meses: o baixo quórum de participantes em palestras e debates sobre temas pertinentes aos bairros da gente, seja no campo da infra-estrutura, seja no que diz respeito às temáticas sociais.
Não faltam iniciativas desse tipo. Não faltam bons palestrantes e debatedores. Falta, isto sim, o interesse da comunidade em ouvir, aprender e trocar idéias, de modo a fortalecer as ações coletivas.
Diante desse quadro é importante que cada um de nós reflita sobre as conseqüências dessa desmobilização comunitária, algo que acende um sinal de alerta.
Como é que, em tempos eleitorais, iremos cobrar dos candidatos planejamento urbano se os debates em torno desse tema têm como cenário auditórios vazios? Que tipo de reivindicação podemos fazer por melhorias nas políticas sociais se não saímos de nossas casas para ouvir palestras, que jogam um pouco de luz nesse complicado cenário? Como é que podemos nos aventurar em falar de ética por parte dos candidatos se, quando esse assunto é colocado em pauta, o interesse coletivo é insuficiente para juntar três dezenas de pessoas?
O que esperar do poder público local quando nossos gestores se ausentam de reuniões ou silenciam nos debates dos quais, eventualmente, participam?
Decididamente, não conseguiremos avançar com nossas bandeiras se continuarmos dando as costas a eventos que pautam agendas sociais, estruturais, ambientais ou econômicas. Nossa ausência nesses eventos nos deixa sem legitimidade no momento em que nos colocamos em posição de reivindicar políticas de gestão, implementação de serviços e construção e/ou manutenção de equipamentos públicos.
Daqui até outubro, mês das eleições municipais, seremos convidados a inúmeros debates e palestras. Platéias vazias em agendas diretamente ligadas à nossa vida cotidiana somente contribuirão para que prevaleça a nefasta política do “vamos deixar como está para ver como é que fica”.
Se é verdade que o voto é instrumento de cidadania, igualmente verdadeiro é dizer que existe cidadania além das urnas, pois ela só pode ser construída no dia-a-dia. Isso incluiu participação efetiva nos fóruns de debates e na co-gestão da administração pública, a começar por assento comunitário permanente nos gabinetes da Rua Guaicurus, 1000, a partir de 2009.

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