Liderança

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Com muita simpatia, Manelão é talvez um dos melhores exemplos de líder comunitário que se pode ter. Muito querido e presente nas mais variadas reuniões da região, estava sempre disposto a fazer o que pudesse para ajudar os mais vulneráveis.

Foi inclusive com ele que fiz uma das minhas primeiras matérias, logo que entrei no Jornal da Gente. Na época eu ainda era repórter e fui acompanhada da nossa editora Maria Isabel Coelho. Acho que foi a primeira vez que fui à Ceagesp depois de adulta, em agosto de 2016, e certamente teria dificuldades de encontrar sozinha a Associação Nossa Turma dentro daquele microcosmo que é o entreposto.

A Ceagesp tinha iniciado um projeto piloto de sustentabilidade com caráter social a partir da reciclagem de pallets. As estruturas de madeira que eram utilizadas para o transporte de mercadorias foram transformadas em móveis, estantes, bandejas, suportes para flores, entre outros, rústicos e muito bonitos. Não muito tempo depois grandes lojas de decoração passaram a comercializar produtos bastante semelhantes, com preços mais elevados.

Os móveis eram produzidos por um convivente do Centro de Acolhida Zancone, que me falou, naquela época, que estava muito feliz com a oportunidade. Lembro dele dizer :“Dá uma tranquilidade acordar e saber onde você vai trabalhar”.

O projeto, antes de ser apoiado pela Ceagesp, começou com a Associação de Apoio à Infância e Adolescência Nossa Turma, presidida pelo Manelão. Ele me colocou em contato com todas as pessoas importantes da Ceagesp daquele período para falar do projeto de sustentabilidade, mas ele, de forma muito humilde, nem expressou o seu pioneirismo no projeto. Ele era assim, gostava de fazer as coisas acontecerem e ajudar as pessoas, e essa era a sua satisfação. Não à toa, ele foi escolhido como um dos personagens do livro “Heróis Invisíveis”, do jornalista Gilberto Dimenstein, que conta um pouco da sua trajetória tão bonita.

Vão fazer falta as mensagens de áudio que ele mandava, com sua voz de locutor, para convidar as entidades, moradores e associações da região para os eventos que ele organizava. Sempre muito cheios e com ótimos resultados.

Ele certamente era um agregador, conseguia unir as pessoas para realizar boas ações. Para honrar a sua memória, é fundamental que a comunidade mantenha o mesmo espírito que ele tinha, de união, boa vontade e de sempre fazer o que é possível para conseguir as melhorias desejadas, mesmo que elas demorem para se concretizar.

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