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Quando estamos em uma situação de estresse nossa química corporal muda. Liberamos adrenalina, os músculos recebem mais sangue e oxigênio para reagir de forma ágil à situação que nos causou isso. Já quando a tensão se torna constante, os efeitos são outros, como cansaço e dores pelo corpo, especialmente nas costas e pescoço. Quem está enfrentando a quarentena com home office no sofá que o diga…

O fato é que vivemos uma sensação de tensão há quase cinco meses. Para alguns, essa tensão está diminuindo e as pessoas estão se sentindo confortáveis para relaxar com os cuidados que não deveriam ser abandonados. Iniciamos os testes das vacinas contra o coronavírus, mas será uma longa jornada até toda a população estar imunizada. E se a tensão diminui, o que aumenta é a falta de paciência. Todos estamos cansados de ficar isolados, sem frequentar nossos lugares favoritos e com energia acumulada para gastar. Os efeitos na saúde emocional das pessoas causados pela pandemia poderão ser tema de vários estudos.

O Governo do Estado divulgou uma pesquisa da Datafolha que aponta que 75% dos estudantes estão tristes, ansiosos ou irritados por conta do confinamento em casa. Junto ao levantamento, o secretário da Educação do Estado Rossieli Soares aponta que “a convivência escolar é importantíssima para a formação das nossas crianças e jovens”. Essa pesquisa corrobora com o planejamento do Governo de retomar as aulas nos próximos meses. A Câmara votou essa semana as medidas para a retomada das aulas e a Prefeitura deve se alinhar com o Governo do Estado para a definição da data.

Mas por mais ansiosos, irritados e tristes que todos estejamos, não podemos perder o senso crítico ao avaliar a questão. Será mesmo benéfico retomar as aulas? Mesmo com novas contratações, os professores deverão trabalhar mais, já que as salas vão ser divididas. E não podemos esquecer a própria estrutura das escolas, frequentemente precária, como era o caso da Escola Estadual Romeu de Moraes que foi tema de matérias aqui no jornal. Quantas escolas da cidade oferecem condições sanitárias adequadas para garantir a segurança de alunos, professores e funcionários? A Prefeitura também poderá contratar vagas para o ensino infantil em escolas particulares, prevendo o aumento da demanda de alunos que eram da rede privada e cujas famílias foram economicamente impactadas pela crise. Ao invés de utilizar recursos públicos e investir nas estruturas existentes, o dinheiro é repassado à iniciativa privada, e aquilo que é público e de direito torna-se ainda mais precário.

O ideal seria esperar mais. Se o coronavírus complicou nossa vida e tirou nossa liberdade, não podemos facilitar a vida dele, aumentando as chances de contaminação.

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