Calçadas estreitas, esburacadas e com iluminação precária. Some-se a isso a imundice do lixo orgânico jogado na via pública nas imediações do Mercado Municipal. Está traçado, assim, o cenário de uma das mais movimentadas ruas da Lapa, a John Harrison.
Tudo poderia ser bem diferente, caso fosse aplicado o que indica o Plano Regional Estratégico da Subprefeitura da Lapa (PRE-Lapa). Trata-se de um documento anexo ao Plano Diretor da cidade e que complementa as suas proposições, de modo a atender às peculiaridades do sítio de cada região e às necessidades e opções da população que nela reside ou trabalha.
Na Seção II do PRE-Lapa, denominada Rede Viária Estrutural, o Parágrafo 6º diz o seguinte: “Fica incluída, no Mapa 02, área no centro da Lapa para tratamento prioritário do pedestre, sem vedar, contudo, a circulação de veículos, compreendendo o polígono com início na confluência da rua João Pereira com a rua John Harrison, seguindo pela rua John Harrison, Estação da Lapa, rua Scipião, rua Coriolano, rua Nossa Senhora da Lapa, rua Barão de Jundiaí, rua Domingos Rodrigues, rua Antônio Raposo, rua João Pereira até o ponto inicial”.
Entre o ideal e o real
Quem se der ao trabalho de continuar a leitura do PRE-Lapa encontrará outras várias contraposições entre o urbanismo ideal e aquele real, vivido e sentido cotidianamente. O que foi inserido em lei, em agosto de 2004, parece ser letra morta ou mera peça de ficção. De lá para cá, a municipalidade, independentemente da matiz política, não deu a menor importância a esse texto legal.
Um bom exemplo disso vem da região da Ponte Atílio Fontana (ex-Anhangüera), que sofre com o intenso fluxo de carros, ônibus e caminhões, dificultando a vida de quem mora na Vila Anastácio. De acordo com o estabelecido no PRE (quadro 02), é possível eliminar o tráfego de passagem na Vila com a “construção de alças direcionais de/para a Via Anhanguera e duplicação da Ponte Atilio Fontana (semelhante à articulação da Rodovia dos Bandeirantes)”. O documento alerta que para o a execução dessa obra será preciso realizar “gestões junto ao Governo do Estado e à AutoBan”. Quase dois anos após essa proposição, não existem notícias sobre o planejamento de tais obras.
Para quem mora no Jaguaré, o PRE também aponta para intervenções urbanas. É o caso da “implantação de nova via no eixo do leito desativado do ramal da CPTM”, tendo por objetivos “a reurbanização da região e criação de alternativa viária” (Quadro 02). Ainda no plano ideal, sem que até o momento tenha sido apresentado projeto específico, o PRE também projeta “um cruzamento em desnível das avenidas Corifeu de Azevedo Marques, Escola Politécnica e Jaguaré”. De acordo com o que diz o quadro 02 desse, o objetivo da obra é “melhorar as condições de segurança e fluidez na avenida e conseqüentemente garantir o bom desempenho do corredor de ônibus na avenida Jaguaré”.
Uma vez implementadas, as melhorias previstas no Plano Estratégico da Subprefeitura da Lapa beneficiariam, ainda, as comunidades do Parque São Domingos. Para essa região, está prevista “a ampliação da passagem sob a Via Anhanguera e construção de novos viadutos nas pistas laterais da Via Anhanguera, sobre a Rua Paúva”. Com isso, espera-se “compatibilizar com o projeto de alargamento da Avenida Candido Portinari e permitir uma melhor integração entre os Distritos de Jaguara e de São Domingos”.