Caos no pronto-socorro

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RENATA DE GRANDE REPÓRTER

O Pronto-Socorro Municipal Professor João Catarin Mezomo localizado na Avenida Queiróz Filho, ao lado do Cemitério da Lapa, continua um exemplo clássico do descaso do poder público. Em maio do ano passado, o Jornal da Gente, publicou uma reportagem denunciando a falta de equipamentos, deficiência de recursos humanos e até falta de medicamentos. De lá para cá, além da situação não ter sido corrigida ou amenizada, a situação piorou. Esta é a conclusão de Renato Geribola, diretor da Comissão de Saúde do Fórum Lapeano de Cidadania, encarregado de zelar pelos problemas na área de saúde da região.
O PS da Lapa tem diversos problemas graves, desde sua inauguração em 1967. Segundo Geribola, a resolução do Conselho Federal de Medicina indica que o local não poderia funcionar como um Pronto-Socorro, pois não conta com UTI para adultos e crianças, não tem banco de sangue, nem sala de cirurgia e leitos para pós-operatório. “Este é na verdade um Pronto-Socorro funcionando como um Pronto-Atendimento, que deveria atender apenas casos de baixa complexidade, mas acaba atendendo pacientes com problemas graves. Por falta de leitos, ficam internados no mesmo local tísicos, tuberculosos, ao lado de hipertensos, e não há um controle mínimo de infecção hospitalar. Sem falar na falta de uma estrutura de retaguarda para encaminhar os pacientes mais graves ou mesmo a demanda causada por um acidente de grandes proporções que venha a ocorrer na região e que envolva um grande número de pessoas ”, afirma Geribola, ressaltando o trabalho heróico dos médicos no atendimento aos pacientes.
Um caso flagrante de deficiência no atendimento, é o caso relatado por Lucia Regina Borecki Carrillo, moradora da Vila Leopoldina. Ela passou pelo clínico-geral na noite de 20 de julho passado, reclamando de dores de cabeça, pois é hipertensa. O médico, utilizando um aparelho de pressão possivilmente descalibrado, indicou que ela estava com pressão baixa e receitou o medicamento Cinarizina 75, conhecido como Strogeron. Lucia, desconfiando do resultado da medição de sua pressão, resolveu não tomar o medicamento e seguir até uma farmácia de sua confiança. “Quando cheguei na farmácia minha pressão estava 15 por 10, e levei um susto, porque poderia ter morrido se tivesse tomado o remédio receitado. Isto é um absurdo acontecer num pronto-socorro”, indignou-se a moradora. Segundo esclarecimento do superintendente da Autarquia Hospitalar Municipal Regional Central, Francisco José Silva Maia, Lucia Regina Borecki Carrillo “foi atendida e em consulta queixou-se de tontura e a análise de sua pressão arterial sinalizou níveis normais, sendo que não foi feita referência a história prévia de hipertensão arterial”.
De acordo com Geribola existem outros problemas com relação à verba destinada pela Autarquia Hospitalar Municipal Regional Central para a rede de saúde local. “De um total de 125 milhões de reais foram liberados apenas 84 milhões, para todo este ano. Esta verba atende três hospitais e quatro pronto-socorros. Só no PS da Lapa gastam-se 20 mil reais mensais para apenas 30 quilômetros rodados com a ambulância na remoção de pacientes e outros 20 mil mensais com alimentação. E não há 140 reais para trocar as lâmpadas do pátio externo do PS, o que torna o local cada vez mais inseguro”, denunciou Geribola, afirmando que se não forem sanados esses problemas, a Comissão vai pedir a intervenção no Ministério da Saúde do Pronto-Socorro da Lapa.

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