Pela segunda semana consecutiva os moradores da Vila Romana, Lapa e Vila Leopoldina tiveram de conviver com o problema das enchentes após as fortes chuvas que caíram na região. Os piores momentos aconteceram no final da tarde e início da noite da segunda-feira, 4, quando um violento temporal deixou várias ruas e avenidas cobertas de água. São Paulo e o Brasil acompanharam, em tempo real, o desespero de comerciantes, moradores, pedestres e motoristas, uma vez que helicópteros de emissoras de TV registravam flagrantes da inundação.
Em apenas uma hora de chuva forte sobre a Zona Oeste – entre as 16h e as 17h -, choveu 83,8mm, o que representa 42% da média climatológica prevista para o mês. Por volta das 19h, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrava um congestionamento de 171 km, índice muito acima da média para o horário, que é de 96 km de lentidão.
Na Lapa de Baixo, a Rua Ricardo Cavatton, próximo à Rua Engenheiro Albertin era um dos pontos de alagamentos identificados pela prefeitura. No centro comercial lapeano, as imediações do Shopping Lapa ficaram praticamente submersas, a ponto de um bote do Corpo de Bombeiros ter sido acionado para socorrer pessoas ilhadas. Outra área que não resistiu ao volume das chuvas foi a Avenida Mofarrej, na altura do viaduto. O mesmo ocorreu com a região da Rua Constantino Fraga, cujos moradores já haviam passado por apuros no temporal da semana anterior. Cenas semelhantes foram registradas em outras áreas adjacentes à Lapa, como o Viaduto Pompéia e a Rua Turiaçu.
Na quarta-feira, 6, segundo o Centro de Controle de Emergências, choveu, até as 19h, uma média de 8,9 mm na cidade. A Lapa, mais uma vez, foi o bairro mais atingido com 31,8 mm de chuva.
Subprefeitura e Tendal alagados
Pela segunda vez, em duas semanas consecutivas, a sede da Subprefeitura da Lapa, (Rua Guaicurus, 1000) foi tomada pelas águas. Na semana anterior, com um volume de chuva menor do que o registrado no dia 4, o pátio de estacionamento registrou alagamento de mais de meio metro. Na última segunda-feira, o nível de água subiu ainda mais, invadindo o Espaço Cultural Tendal.
Por volta das 18h30, depois de vencer os congestionamentos da Lapa e Vila Romana naquela segunda-feira caótica, a reportagem do Jornal da Gente seguiu até subprefeitura para verificar a situação. Não existia mais alagamento no pátio. Restava, porém, um cenário típico do pós-enchente: lixo espalhado pelo local à espera de uma equipe de limpeza.
As freqüentes enchentes na Guaicurus 1000 chamam a atenção por um aspecto particular. Toda a área da Subprefeitura e do Tendal deverá, segundo sustenta a Casa Civil do Palácio dos Bandeirantes, ceder lugar a uma unidade do Poupatempo. A pergunta que fica no ar é: a Lapa ganhará uma praça de serviços, que corre o risco de ficar submersa?
O Jornal da Gente tentou falar sobre esse assunto com o Subprefeito Paulo Bressan. Até o fechamento desta edição, a Assessoria de Imprensa da Subprefeitura não havia dado retorno ao pedido de entrevista.
Tarde de caos
na Trajano
Também no dia 4, ao ver que o nível de água na Rua Trajano subia rapidamente, Eloi Murari, do Diretório Zonal do Partido Verde (PV), logo ligou para o Jornal da Gente informando que a situação estava ficando cada vez mais crítica. Não tardou muito, a Trajano virou um verdadeiro rio. “Foi impressionante presenciar o trabalho de uma equipe do Corpo de Bombeiros remando um bote para prestar socorro às pessoas ilhadas”, afirma Elói.
Segundo ele, a galeria da Viela Ema Angela Murari recebe as águas de dois córregos (um que sai da Rua Ricardo Medina e outro que vem da Francisco Alves). “É uma galeria de captação bastante antiga. Será que ela não está obstruída?”, indaga o dirigente do PV e morador da Lapa há 50 anos.
As imediações da Trajano também foram afetadas pelo grande volume de água.