“Tinha gente de todo lugar no pagode do Vavá”. Assim cantava, no final dos anos 80, o genial Paulinho da Viola, jóia rara do samba carioca. Neste Carnaval 2006, a cidade é outra, o samba também tem sotaque diferente, tanto na letra quanto na batida. Porém, é igualmente possível dizer que tinha gente de todo o lugar no desfile do bloco “A Lapa Somos Nóis”, no sábado, 18, abrindo a semana pré-carnavalesca na Praça Cívica do Memorial da América Latina.
Mais de 1.500 foliões, representando bairros como Lapa de Baixo, Alto da Lapa, Vila Hamburguesa, Vila Leopoldina, Vila Piauí e Vilas Anastácio e Ipojuca mostraram mais uma vez que a Lapa é sinônimo de comunidade. E uma comunidade não voltada apenas para si mesma, mas sempre disposta a dialogar e conviver com outros bairros.
O resultado disso foi que muitas pessoas vindas de Pirituba e do Jaguaré também montaram suas alas e aderiram, com garra e alegria, ao samba que “A Lapa somos Nóis” cantou no Pholia 2006, evento oficial do Carnaval da Cidade. Exemplo disso é o jovem Eduardo, de 21 anos, morador do Jaguaré. “Trabalho no Alto da Lapa e minha mãe na Benfeitora Jaguaré. Recebemos o convite e aqui estamos, pulando neste bloco, na ala da própria Benfeitora”, disse o estudante.
E a Lapa retribuía. “Assim é a nossa comunidade. Queremos abraçar os amigos do bairro e de regiões vizinhas para reviver o clima dos carnavais de antigamente, onde tudo era alegria e amizade sincera”, disse José Benedito Morelli, o Boneli, um dos fundadores do bloco.
No contexto desse clima, Arnaldo Lázaro, 75 anos, morador da Vila Anastácio, brincava com a reportagem do Jornal da Gente ao responder por qual motivo decidira pular junto com a multidão de foliões. “Quer mesmo saber? Estou aqui porque não tenho um pingo de juízo. Se tivesse estaria em casa vendo televisão. Mas, falando sério, não há o que pague essa diversão ao lado das pessoas que estimamos muito”, afirmou Lázaro.