Gado, ferrovia e companhia.

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Uma via ainda a ser feita. Assim era a Avenida Leopoldina (hoje acrescida do título Imperatriz) nas cinco primeiras décadas do século XX. Quem guarda essas imagens na memória é uma antiga geração de moradores da Vila Leopoldina, entre eles Clodoaldo de Oliveira, 76 anos. “Era uma rua de terra, sem vida própria. Quando chovia virava um grande lamaçal”, lembra Oliveira. “Era caminho para seguir em direção à várzea onde existiam campos de futebol. E na várzea a gente também caçava rã”, acrescenta o amigo Moacir.
Numa cidade que em áreas centrais, nos anos 40, já estava inserida no contexto da modernidade industrial, na região da Leopoldina o tempo marcava um compasso tipicamente interiorano. “Muitas vacas, depois da ordenha, eram soltas e podiam ser vistas pastando nos terrenos da Imperatriz”, conta Oliveira Mas como assim? Ninguém se apropriava indevidamente dessas cabeças? “Naquele tempo não havia ladrão no bairro. As pessoas se conheciam e confiavam uma na outra”.
À noite, a imagem retida na memória era a da aventura. Oliveira lembra que não existia luz elétrica na avenida e que a garotada se divertia caminhado com lampiões nas mãos. “Só bem mais tarde é que o progresso chegou por aqui, com a iluminação pública, calçamento e pavimentação da rua”. O primeiro estabelecimento comercial da Leopodina foi uma fábrica de tapetes, inaugurada em 1949.
Algumas famílias leopoldinenses, interessadas no desenvolvimento de negócios na região, também contribuíram para a transformação da Imperatriz nos anos 50 e 60, como os Mofarrej, por exemplo. Um curso d´água vindo da Rua Guaipá e seguindo em direção à Rua Mergenthaler, cortava a avenida. Foi justamente o clã Mofarrej que se esforçou para a canalização desse córrego, de olho em empreendimentos futuros que valorizariam o bairro.
Um dos arcos da Avenida Imperatriz é a estação de trem da CPTU, que hoje demarca a divisa desta via com a Rua Major Paladino. A estação de Imperatriz Leopoldina durante muitos anos somente atendeu o recebimento de cargas, com o nome de Armazém Regulador, pois estava na zona privilegiada da S.P.R.. Nos anos 30, com o nome de km 11, passou a receber também passageiros. Em 1957, passou a ser o ponto de partida para os trens do ramal de Jurubatuba, aberto em 25 de janeiro desse ano. Para receber os passageiros dos trens de subúrbio mais adequadamente, em 1966 foi construído um prédio para a parada, que sobreviveu cerca de 12 anos, até a construção da atual estação, aberta em 1979. Hoje, a estação serve apenas para os trens urbanos da CPTM. Ainda funcionou como armazém de cargas para a FEPASA por muito tempo. A estação atual está situada no final da avenida Imperatriz Leopoldina, na esquina com a rua Guaipá, no Jaguaré, e foi inaugurada em 25 de janeiro de 1979.

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