Jardim japonês equilibra ambiente

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1972

Shigueo Shimosakai é um dentista nissei que segue o budismo e aplica os ensinamentos da filosofia no seu dia-a-dia. Filho de Tomiko Shimosakai, uma japonesa de 91 anos que chegou ao Brasil em 1933, o descendente oriental explica o significado do jardim japonês que montou em seu consultório na Rua Clélia, na Lapa, numa entrevista especial para a matéria em homenagem ao Ano do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.
Na verdade, quem passa pelo movimentado corredor de trânsito, nem imagina que no interior de um dos sobrados da rua, onde trabalha e mora o dentista, é possível encontrar muito verde e todos os elementos da natureza.
Shigueo conta que antes de ser transformada em consultório, a casa foi sede de um bar. “No lugar dos banheiros resolvi montar um jardim japonês. Era um sonho antigo. Eu mesmo coloquei cada elemento, com a ajuda do meu irmão, a terra, as pedras, as plantas próprias para esse tipo de jardim como azaléias, bambu mossô (preto), as lanternas e a canalização de água para a fonte que oxigena o lago (artificial) onde ficam os peixes”, explica ele.

História

O dentista revela que a arte desse tipo de paisagismo é antiga no Japão, mas teve origem na China e Coréia, antes do século VI. Naquela época, os jardins já representavam prazer e divertimento. Os do período Heiam do Japão (794 a.c.) eram arquitetados por budistas com a finalidade de ajudar na compreensão da filosofia. “Esses jardins sempre tiveram lago e eram construídos para contemplar a natureza por meio das mudanças das estações do ano. Depois eles começaram a ter características próprias com arranjos de pedras”, esclarece ele.
Em seu canto de meditação predileto, Shigueo cuidou de detalhes como as lanternas de pedra, que eram usadas na iluminação das entradas dos templos durante as Cerimônias do Chá com o objetivo de induzir as pessoas à concentração, ajudando a clarear a mente e o espírito.
A água que corre para o lago simboliza a vida, onde vivem os peixes que remetem a fertilidade e prosperidade.

Tranqüilidade

É de frente para esse cenário de tranqüilidade que fica a cadeira onde o dentista atende seus clientes. O local virou atração. “Muitos vem até aqui só para visitar o jardim”.
Para Shigueo, o movimento da água equilibra a energia do ambiente. “Até os mais resistentes ficam calmos na hora do tratamento”, revela o dentista. O recanto é um convite à contemplação. “O jardim japonês transmite paz e espiritualidade”, conclui ele.

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