Afinal, o Hospital das Clínicas, como afirmou o secretário municipal da Saúde, Januário Montone, pode ou não ser identificado como uma unidade que atende plenamente a Lapa e região? A pergunta ainda permeia os círculos comunitários, onde não se vê ninguém dando razão ao secretário.
Inconformado com a declaração de Montone, uma das principais referências na área médica da região, o urologista Heitor Buzzoni, ligou para a redação do JG e fez algumas observações. “O secretário deveria saber que dos anos 80 para cá perdemos vários leitos. Foram fechados equipamentos importantes, como, por exemplo, o Hospital Geral da Lapa e o Hospital de Fraturas da Lapa”.
Buzzoni avalia que a crise na rede hospitalar local fez desaparecer 400 leitos. “Hoje devemos ter apenas 350 leitos disponíveis no sistema SUS na região, o que representa somente 10% da demanda estimada”, afirma o urologista.
As carências na área de Saúde na Lapa não são novidades. Em 1998, ao defender tese de mestrado na Faculdade de Saúde Pública da USP, Christina Aparecida Ribeiro observava que “o PS- Lapa é isolado de uma estrutura hospitalar e não dispõe de centro cirúrgico, medico anestesista, banco de sangue, laboratório, mais de um respirador na sala de emergência e encontra dificuldades de acesso a leitos hospitalares”.
O quadro de dez anos atrás continua ruim e a comunidade cobra do prefeito Gilberto Kassab uma posição. “Em 94 a (prefeita) Erundina e e o (governador) Fleury assinaram um acordo que previa a construção de um Hospital no lugar do PS”, afirma o presidente do Conselho das Associações Amigos de Bairro da Região da Lapa (Consbs), José Benedito Boneli Morelli. “Se o Kassab for pesquisar, verá que esse compromisso foi assinado. Está na hora de tirar isso da gaveta”, defende Boneli.
