Uma lição de vida

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Maria Cristina Juvêncio de Oliveira: dificuldades superadas com muita força de vontade

A catadora de papel Maria Cristina Juvêncio de Oliveira passou no vestibular depois de estudar nas apostilas de cursinhos, encontradas no lixo. Com 33 anos, ela vasculha as ruas da região há oito meses em busca de sustento para seus cinco filhos. Risonha, apesar das dificuldades cotidianas, a professora primária já lecionou como eventual na rede pública de ensino.
Embora tenha nascido no bairro de Brasilândia e completado o curso de magistério em Perus, Maria Cristina morou boa parte de sua vida na cidade de Francisco Morato, onde trabalhou como voluntária na Sociedade Amigos de Bairro do Recanto Feliz, durante o ano 2000. Lá, ela dava aula gratuita de alfabetização para 15 adultos. Ganhando um salário mínimo, a professora de magistério inscreveu-se em 2001 nas Frentes de Trabalho, ensinando 40 adultos e crianças durante nove meses de vigência do contrato.
“Eu saí das Frentes de Trabalho porque os encarregados do projeto não viram importância imediata na continuidade na proposta de alfabetização. Então, abri um curso para interessados em se alfabetizar. Os alunos pagavam R$ 15,00 somente para o custo do aluguel e material. Mas, como muitos não tinham condições, tive de vender bijuteria para continuar a alfabetizar. Até que não agüentei pagar mais”, lamenta a eterna lutadora pela educação.
No ano passado, mudou-se para a Favela Aldeinha, próxima ao Viaduto Júlio Mesquita, na Água Branca. Como não conseguiu vagas para seus filhos nas escolas, Maria Cristina procurou o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança da Lapa, onde conseguiu matricular Márcio, Jhonatan, Verônica, Renê e Tamires na Escola Estadual da Lapa. Desempregada, começou a catar uma tonelada de papel por mês para sustentar a família, com uma renda de R$ 200,00. Seu marido, o cabeleireiro Vanderlei de Oliveira, também a ajuda na coleta.
“Revirando o lixo, encontrei um material de apoio para o vestibular e estudei por conta própria. Optei pelo curso de Pedagogia da Faculdade Tereza Martin, onde fui aprovada no exame e, agora, estou ansiosa em iniciar os meus estudos no dia 10 de março”, disse a estudante, mãe e professora. No entanto, Maria Cristina teme não poder cursar, já que a mensalidade custa R$ 390,00. “Consegui pagar a matrícula e o carnê de fevereiro. Sentirei muito se não puder realizar o meus dois sonhos: a graduação em pedagogia e volta às aulas”, adianta a persistente catadora de papel.
As dificuldades não param por aí. Maria Cristina precisa ainda de dinheiro para os livros exigidos pela faculdade e comprar o material didático para seus cinco filhos. “Estou enfrentando vários problemas, mas não vou desistir”. A área social da Igreja Presbiteriana Independente da Vila Romana auxilia a estudante, doando cesta básica e roupas para a sua família.
Quem quiser conhecer a história de Maria Cristina e puder ajudá-la, pode ligar para 4608-0685 e falar com sua irmã, Célia. Ou ainda entrar em contato com sua mãe, Nair, no telefone 4488-1779.

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