A sub e o tombamento

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Sem entrar no mérito da questão, dada a ausência de debate público de caráter técnico sobre o assunto, capaz de balizar opiniões, é passível de questionamentos a forma com que o Patrimônio Histórico Municipal e a Sub Lapa conduzem o processo de tombamento do Alto da Lapa e Bela Aliança.
Ressaltem-se aqui dois aspectos dessa estranha conduta. Da parte dos órgãos municipais que tratam da preservação do patrimônio cabe um questionamento: por que a decisão a ser tomada pelo órgão colegiado competente (Conpresp) não pode passar por um processo de audiência pública de modo a ouvir de fato o que pensam um conjunto mais amplo de moradores e comerciantes?
Por parte da Prefeitura, pode-se questionar o engajado envolvimento da subprefeita Luiza Eluf (moradora do Bela Aliança) na defesa do tombamento. Vale, nesse sentido, lembrar alguns fatos relevantes. Muito antes de ser subprefeita, na qualidade de membro e depois presidente da Associação Amigos de Bairro do Alto da Lapa e Bela Aliança (Assampalba) ela se posicionou favorável a essa intervenção e levou adiante ações judiciais que garantissem a preservação dos bairros.
Anos depois, a mesma Eluf, agora na veste de subprefeita da Lapa, volta a lutar pelo tombamento. Conforme registro em ata,  ela teve o privilégio de tomar assento numa reunião do Conpresp (evento sempre feito a portas fechadas) para dizer que os moradores apóiam uma City tombada, aproveitando a ocasião para entregar “uma sugestão de texto para a Resolução de tombamento do Alto da Lapa elaborada por associação de moradores do bairro”.
No resumo de documentos e pareceres que fazem parte do processo do Conpresp consta que nas folhas de 705 a 726  a subprefeita da Lapa “encaminha novo pedido de tombamento dos bairros Alto da Lapa e Bela Aliança, formulado pela Assampalba e observa com conhecimento de causa que ‘o pedido encontra-se suficientemente instruído, dispensando avaliações adicionais’ ”. Porém, parcela significativa de moradores e comerciantes locais é contrária a esse tipo de intervenção. Assim, vale perguntar: é correto a subprefeita e moradora usar de sua posição como gestora para defender os interesses de uma associação da qual ela já foi presidente? O debate está aberto, à espera, inclusive, de um posicionamento do prefeito Kassab que, no seu passado no Legislativo, apoiou abaixo-assinado contrário ao tombamento da City.

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