Se o assunto é coleta seletiva de lixo na cidade de São Paulo, os números faltam por si só: a Prefeitura consegue reciclar, em média, apenas 280 gramas por mês por habitante, o que corresponde somente a 1% de todo o lixo produzido na capital.
Falhas graves no sistema, como número insuficiente de centrais de triagens, inadequação logística nas cooperativas existentes, ausência de campanhas educativas e de esclarecimentos por parte da Prefeitura comprometem a já incipiente política do prefeito Gilberto Kassab para esse tipo de serviço.
Em 2009, o Orçamento da Prefeitura destinava R$ 760 mil para a coleta seletiva municipal. Porém, apenas 1,14% dessa verba foi efetivamente usado para esse fim pela Secretaria de Serviços.
Nas centrais, o espaço físico e o maquinário (esteiras, caminhões, balanças, entre outros equipamentos) são cedidos pela Prefeitura. Lá os catadores triam, separam e vendem para as empresas de reciclagem. O dinheiro obtido com a venda do material é dividido entre eles.
Especialistas do setor apontam que um dos maiores gargalos desse sistema é a quantidade insuficiente de centrais de triagem. Mas mesmo
na Subprefeitura Lapa, onde existem
duas cooperativas formalizadas (CoperVivaBem e Cooperação) e uma outra menor em formação (nos baixos do Viaduto Mofarrej), per-cebe-se claramente que o problema não é apenas quantitativo, mas também, qualitativo.
Visita atenta a uma dessas centrais revela que existe a necessidade de se profissionalizar essa atividade, fazendo com que a mesma seja dissociada do fator pobreza. Tudo, nos galpões onde estão instaladas as cooperativas de reciclagem, parece funcionar na base do improviso e da informalidade, sem falar na observância reduzida das normas de segurança, saúde e higiene. Nesse contexto, é bom lembrar que a CoperVivaBem opera há anos na ex-usina de compostagem da Vila Leopoldina, área contaminada por metais pesados, altamente tóxicos.
Não obstante os esforços públicos (Prefeitura) e privados (Sebrae, por exemplo) visando a capacitar a mão- de-obra que atua nas Centrais de Reciclagem cooperativas (algo que nos baixos do Viaduto Mofarrej ocorre de forma mais organizada), a ineficiência ainda é grande nesse tipo de atividade. Além da capacitação, existe a necessidade de um acompanhamento permanente de toda a cadeia logística no interior das centrais de reciclagem, de modo a tornar a atividade algo mais rentável para os milhares de cooperados que atuam na região da Lapa e em toda a cidade.