Humanizar o trânsito

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Não foram poucas as vezes que este jornal teceu críticas aos órgãos responsáveis pelo controle do trânsito na cidade de São Paulo, por conta daquilo que a população chama de “indústria das multas”, ou seja, o trabalho da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) cada vez mais centrado na autuação e cada vez menos preocupado com missão de educar e orientar os motoristas. Nesta edição, no entanto, abrimos espaço para destacar a atuação positiva da CET na implementação do Programa de Proteção ao Pedestre, que tem por objetivo criar a cultura de respeito ao pedestre, de maneira a ampliar a segurança destes e reduzir os índices de acidentes por atropelamentos.

Já era hora da CET se posicionar ativamente em relação a estatísticas cruéis: quatro pessoas morrem diariamente em acidentes de trânsito na nossa cidade. O pedestre é o personagem mais frágil no trânsito e consequentemente sua maior vítima. Aproximadamente 50% das vítimas fatais em acidentes de trânsito na cidade de São Paulo são pedestres. Em 2010, foram registrados 7.007 atropelamentos e 630 pessoas mortas. São dados que evidenciam a necessidade de reformular o tratamento dado ao pedestre no trânsito da capital.

O referido programa entra agora numa fase em que a CET e o Policiamento de Trânsito (Polícia Militar) passam a multar o motorista que desrespeitar o Código Nacional de Trânsito em seus artigos 181, 183, 196 e 214, todos referentes à preferência na travessia dos pedestres. Além da sanção em dinheiro, o infrator será punido com pontos incorporados á sua Carteira de Habilitação.

Ao ser mais rigorosa na fiscalização de tais artigos da legislação do trânsito, valendo-se inclusive de monitoramento via câmeras, CET e PM impõem a quem está no volante atenção redobrada em relação a quem atravessa a rua. Porém, é sempre importante lembrar que cabe ao pedestre realizar a travessia somente nos locais onde houver sinalização (semáforos, faixas de segurança). Somente com a postura responsável de ambas as partes é que faremos valer o que está escrito no slogan da campanha da CET: Dê preferência à vida.

No plano comunitário, é possível olharmos o Programa de Proteção ao Pedestre do ponto de vista prático (sua aplicação em cruzamentos estratégicos) e do ponto de vista da conscientização das pessoas. Neste último caso, o associativismo regional poderia, em parceria com a CET, ocupar-se da realização de um ciclo de palestras nos bairros da região, envolvendo sobretudo as escolas públicas e particulares, de modo a somar esforços na educação das novas gerações para uma postura cidadã em relação ao trânsito da cidade, que precisa, urgentemente, ser humanizado.

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