Alô, Descartes

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Nereu Mello

René, acho que, realmente, não podemos escapar do dualismo: corpo e alma.

“Penso, logo existo”, você escreveu no seu discurso sobre o método de chegar ao conhecimento.

E, desde aí, correm rios de tinta de escrever para descobrir a origem do conhecimento humano, criando-se na Filosofia, uma região à parte, chamada epistemologia, em que se aninham todos os estudiosos dos fundamentos da lógica dos pensamentos.

Sabe, meu caro? Você foi um grande criador de enigmas, com esse “Cogito, ergo sum”, porque essas três palavras abrem portas para grandes pensamentos investigatórios, porque os ateus acham aí alicerce formidável: morto o cérebro, que pensa, acaba a existência, é o nada.
De outra parte, os crentes em Deus, em cima da mesma frase, acham a coluna da sua fé: não é o corpo que existe e condiciona o existir, é o espírito que faz isso; quando o espírito deixa o corpo, este morre, mas o espírito sobrevive na sua existência independentemente da encarnação extinta.

Ah! Meu caro Mestre, esses silogismos são tão enganosos, não?

Você, René, conquanto tenha revolucionado o pensamento humano, deixou em aberto a questão referente a quem dá origem ao ser. Ser, para mim, é a existência consciente de si mesmo. Neste ponto, eu prefiro você em latim:  “Cogito, ergo sum”, que em português corresponde a “Penso, logo sou”.

É bom ser, porque só o ser pode escolher, eleger, atrair, recolher, buscar, expulsar, modificar tudo aquilo que o rodeia.

É bom ser humano e melhor que isso: é bom ser bom! É muito bom ser bom, quando todas as filosofias ficam absolutamente inúteis, porque para ser bom precisa-se apenas do coração!

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