Debate sem fim

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A mudança da Ceagesp da Vila Leopoldina é um tema que se ouve até mesmo longe do bairro. Na abertura da Agrishow 2017 (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), dia 1º de maio, em Ribeirão Preto, muito se falou da importância do produtor rural no abastecimento de alimentos para a população. E a Ceagesp foi lembrada em entrevista exclusiva do secretário de Energia e Mineração, João Carlos Meirelles, ao Jornal da Gente, logo após a abertura da maior feira do setor do agronegócio.

A transferência do maior entreposto da América Latina para outro endereço não é nova, muito menos começou na gestão do prefeito Fernando Haddad que, na verdade, foi incentivador da mudança.

A discussão já ocupava as páginas dos noticiários quando Meirelles era titular da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo entre 1998 e 2002 no governo Mário Covas – Geraldo Alckmin. Naquela época, ele já defendia a saída da Ceagesp do bairro. Meirelles iniciou um levantamento sobre o assunto. Meirelles lembra que o projeto para transferência do entreposto para o Rodoanel foi concluído em 2002. “Foi no final do governo Fernando Henrique, já no governo do Lula (o projeto) não se viabilizou”, revela ele.

Seu projeto chegou a ganhar um prêmio na Bienal de Arquitetura. O novo entreposto seria construído no Rodoanel Mário Covas. Para ele, o atual modelo está ultrapassado e precisa ser modernizado. Na sua visão, a tendência é que a nova Ceagesp seja privada e construída com o investimento dos próprios interessados, diferente do modelo atual (ligado ao governo federal).

A cidade mudou desde que Meirelles deixou a secretaria da Agricultura. “Hoje com um programa para despoluição progressiva do Rio Pinheiros e com uma linha de trem, que é um metrô, cortando o rio, as avenidas laterais estão virando um verdadeiro boulevard. Então não é compatível um centro de abastecimento e com os erros que eram muito bons há 50 anos quando foi construído e hoje não são mais cabíveis”, declarou.

Para Meirelles, a mudança da Ceagesp da Vila Leopoldina é vital para a Cidade. O secretário destacou que a Ceagesp é o maior entreposto do Hemisfério Sul. “Os entrepostos modernos são, sobretudo eletrônicos – onde o produto não precisa ir de Ribeirão Preto para São Paulo, para de São Paulo voltar para Franca, como está acontecendo hoje na Ceagesp”.

Apesar da necessidade por eficiência, com sistema eletrônico, um dos problemas apontados pelos produtores e comerciantes contrários à saída do entreposto da Leopoldina, é o desemprego que deve gerar no bairro.

Meirelles lembra que “O sistema de negociações físicas vem da nossa ancestralidade”. A discussão continua entre produtores, permissionários e os governos municipal e estadual com a esfera federal. O debate parece não ter fim.

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