Tempos difíceis

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2007

Uma projeção divulgada na quinta-feira (23) pelo Ipea indica que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo em 2019 não deve extrapolar a meta estabelecida pelo governo, que é de 4,25%. Mas na percepção do dia a dia, a situação econômica não parece nada favorável. A conta de luz subiu, abastecer o carro dói no bolso e qualquer compra no mercado passa facilmente dos R$100.

Essa sensação de que a situação econômica não vai nada bem preocupa qualquer um que precisa administrar sua casa e suas finanças. Para a população de baixa renda e os 13,4 milhões de desempregados isso fica ainda pior.

Mas mesmo com toda a dificuldade, muitas pessoas lutam para conseguir o conforto de uma vida digna através do trabalho. Um desses casos é o Sr. Araújo, que trabalhava no ponto de ônibus que fica em frente à Praça Jácomo Zanella, na Lapa de Baixo.

Diferentemente de ambulantes que trabalham na entrada de eventos, ocupam a calçada de forma que impede a passagem dos pedestres e abandonam lixo ou garrafas quebradas, o Sr. Araújo ocupava uma pequena parte da ilha do ponto de ônibus, e a tratava como se fosse de fato seu escritório. Sempre recolhia os lixos, varria, tirava o mato que começava a crescer. Logo ganhou a simpatia dos moradores do entorno e usuários do transporte público.

Para evitar que os ambulantes trabalhem de forma irregular ou ocupem lugares impróprios, a Prefeitura realiza um controle, através dos Termos de Permissão de Uso. Porém, uma portaria publicada no dia 24 de abril no Diário Oficial declara que as subprefeituras deverão suspender por 180 dias a emissão de novos TPUs para a utilização das vias e logradouros públicos por terceiros, qualquer que seja a atividade. Já os relatos dos ambulantes é que há muitos anos é difícil conseguir a autorização.

Parece que pessoas que apenas estão tentando ganhar seu sustento de forma inofensiva são punidas, enquanto falta fiscalização daqueles que comercializam produtos piratas, que ocupam calçadas e que até já estão acostumados com a correria que sucede a chegada do “rapa”.

Em um mundo ideal, as normas seriam aplicadas para todos, com uma avaliação particular de cada caso, mas isso é muito difícil com o crescente número de trabalhadores informais na cidade. Também não é possível ignorar o impacto que impedir alguém de trabalhar causa. O aumento da vulnerabilidade social está diretamente relacionado com o aumento da violência. Precisamos de uma atenção especial para as pessoas que, como o Sr. Araújo, só querem trabalhar, sem causar incômodo, e que ainda deixam um local público mais agradável para todos.

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