Moradores criticam construção de piscinão na Lapa

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Foto: Divulgação/Prefeitura

Divulgação/Prefeitura
Praça Rio dos Campos em Perdizes também receberá um reservatório de águas pluviais

Com a notícia de que a Prefeitura quer realizar uma Parceria Público-Privada (PPP) para a construção de piscinões, dois deles na região, na Praça São Crispim (Lapa) e Praça Rio dos Campos (Perdizes), moradores estão preocupados que as obras possam prejudicar as áreas verdes.

Foi criado um abaixo-assinado na internet com o nome “Bruno Covas: impeça o estrago da Praça São Crispim para a escavação do Piscinão na Lapa”. O documento aponta que “a Prefeitura quer devastar três mil m² de área verde na Lapa para construir um reservatório de água no lugar, um dos tipos de obra de drenagem urbana ultrapassado e condenada por especialistas como uma medida paliativa e não sustentável em comparação as outras inúmeras alternativas”.

Outra preocupação, no caso da Lapa, é que a obra será realizada em uma área entre a Rua Tito e a Avenida Ricardo Medina Filho, onde estão dois pontos de ônibus, playground e equipamentos de ginástica que os moradores afirmam ser bastante utilizados. Além do impacto da obra, a presença do reservatório e risco de transbordamento também são criticados. “Piscinões promovem uma desvalorização da área, interrupção do tecido urbano, desvios da malha viária e ainda preocupam os moradores com as mazelas sanitárias decorrentes do acúmulo de água parada por grandes períodos de tempo. Eles são apenas uma das possibilidades de se conter parcialmente os alagamentos e funcionam melhor em áreas de inundação, como as que acontecem na Rua Guaicurus, por exemplo, e que nunca foi o caso da respectiva área que a sub quer destruir na Vila Ipojuca”, aponta o abaixo-assinado.

Os vizinhos defendem que as próprias praças, além da função de convívio, são um instrumento importante para a absorção de água e permeabilidade do solo, situação diferente da obra que foi realizada ano passado no entorno do Mercado da Lapa, onde além da captação da água da chuva, foi feita a ligação dos ramais de esgoto para resolver os problemas de vazamento que ocorriam no local. “Vamos ter a devastação dessa área verde. Eu moro aqui há 57 anos, lembro quando plantaram as árvores na década de 70, que agora estão frondosas. Eles deviam limpar bueiros e bocas de lobo, não fazer essa obra. Já vi em momentos de chuva pequenos acúmulos de água, mas nada que levasse à construção de um piscinão próximo à Rua Ponta Porã. No Mercado da Lapa precisava, mas aqui é um absurdo. Podem acabar com duas praças antiquíssimas, duas áreas maravilhosas e arborizadas”, relata a moradora Regina Ferreira.

Filipe Antonio Marques Facetta, pesquisador da Seção de Investigações, Riscos e Desastres Naturais do IPT, explicou em um artigo escrito por Pedro Teixeira e publicado no Jornal da USP em abril deste ano alguns problemas dos piscinões. “Lá não chega só água, mas também sedimentos, lixo, a própria população deposita detritos ali. Assim, o reservatório fica atolado. Fora que demandam tecnologias caras movidas por energia elétrica. Chove, cai uma árvore e arrebenta um fio. Pronto, não tem eletricidade e o mecanismo não funciona direito”, disse.

Quem quiser enviar sugestões ou críticas ao projeto dos piscinões, deve encaminhá-las até o dia 11 de dezembro pelo e-mail consultapiscinoes@prefeitura.sp.gov.br ou fisicamente na Secretaria Executiva de Desestatização e Parcerias (Viaduto do Chá, 15, 11º andar, Centro), de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

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