Na quarta-feira (4) foi realizada uma manifestação no Portão 3 da Ceagesp organizada pelo Sincaesp (Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo) e pela Apesp (Associação dos Permissionários do Entreposto de São Paulo) contrária ao aumento de impostos repassados pela Ceagesp aos permissionários.
A movimentação começou às 4h da manhã e uma faixa da Avenida Doutor Gastão Vidigal chegou a ser interditada. O protesto acabou por volta das 7h40, de forma pacífica.
O aumento de impostos ocorreu após a Prefeitura fiscalizar a Ceagesp e constatar a construção de mezaninos nos boxes. Com isso, foi realizado o aumento do IPTU e cobrado o valor retroativo acumulado, que a Ceagesp repassou aos comerciantes.
Segundo Cláudio Furquim, presidente do Sincaesp, em um ano o aluguel aumentou cerca de 16% e o condomínio e despesas de rateio, cerca de 54%. O grupo que protestou também pede que haja transparência nas contas da Ceagesp e intervenção do Governo Federal com equipe técnica para gerência e revisão de contratos de terceirizados. “A Ceagesp não apresenta contas, só manda boletos. Temos que pagar um valor muito elevado para quem comercializa frutas, verduras e legumes, que são produtos de baixo valor agregado. Nós pedimos a intervenção do Governo Federal para a abertura das contas de rateio e dos contratos terceirizados, como segurança e limpeza. Pagamos valores aqui de contratos feitos por licitação que se fossem feitos pelo setor privado sairia mais barato. São cerca de R$ 60 milhões por ano com esses contratos. Tem boxes que pagam R$ 5 mil por mês. Se contratássemos diretamente seria mais eficiente. É um dinheiro que deixa de ser investido na infraestrutura da própria Ceagesp e nos funcionários de carreira. Também temos boxes de 116 m² que pagam R$ 18 mil, R$ 20 mil de aluguel e condomínio por mês. Esses custos que são repassados para nós acabam afetando os produtores e os consumidores, e nós somos obrigados a trabalhar com margens absurdas. Estamos sendo asfixiados”, declarou Furquim. Os manifestantes também criticaram o que chamaram de loteamento político da Ceagesp.
Em nota divulgada na própria quarta-feira, a Ceagesp afirma “que o aumento deu-se por conta de uma denúncia realizada em agosto de 2018 por estas próprias entidades (Sincaesp e Apesp), que resultou em diligências e fiscalizações constatando-se assim, o aumento das áreas (mezaninos) edificadas pelos permissionários. A Ceagesp apresentou impugnação por não concordar com a atitude das entidades e, sobretudo, da conclusão que teve a Prefeitura de São Paulo. E reforça que, em relação ao IPTU de 2020, pedirá isenção, nos termos da lei, considerando as enchentes ocorridas em fevereiro”.
A Ceagesp teve que fechar os portões após a chuva dos dias 9 e 10 de fevereiro que alagou o entreposto. Estima-se que cerca de 7 mil toneladas de alimentos não puderam ser comercializadas, o que significou um prejuízo aproximado de cerca de R$ 20 milhões.