Os 30 anos do SUS

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Ter 30 anos há algumas décadas era sinônimo de total maturidade. Carreira consolidada, família estabelecida. Ter 30 anos hoje é quase uma segunda adolescência, com possibilidades de mudanças e alguma folga se decidir por uma nova trajetória. Mas o que representam os 30 anos do SUS? Certamente é uma data para comemorar. Nosso sistema de saúde é ousado, por ser inclusivo e completo. Mas existem desafios para superar.

Essa pandemia deixou clara a desigualdade que existe na cidade, com maior impacto para as pessoas de menor renda. Precisamos de mais profissionais de saúde e estrutura física para possibilitar o atendimento que é um direito da população. Também precisamos investir na rede básica. Nada melhor do que uma UBS próxima de casa onde é possível fazer acompanhamento e tratamentos de menor complexidade. Não deveríamos achar normal pagar planos de saúde exorbitantes ao invés de lutar por um serviço que já existe e pode melhorar.

Em uma situação de emergência, nem sempre as melhores escolhas são feitas. Mas parece óbvio que gastar muito dinheiro em uma estrutura provisória é menos benéfico do que investir em algo permanente. Vemos estruturas de acolhimento montadas em escolas e ginásios em locais sujeitos à tornados, inundações e outras catástrofes naturais. Mas por que ao invés de fazer hospitais de campanha, não foi investido logo no início no Hospital Sorocabana? E por que há mais de um ano o Governo do Estado e a Prefeitura, do mesmo partido, não conseguem chegar a um entendimento do que pode ser feito do ponto de vista burocrático para reabrir o hospital? Quanto tempo é necessário para chegar a uma solução?

Se em março era inviável utilizar o Sorocabana nos planos de contingência da Covid, em agosto rapidamente alguma coisa deu para fazer no térreo. Ano de eleição: quando até o inviável acontece. Não deixa de ser positivo o fato de que os leitos vão permanecer após a pandemia. Mas esses mesmos leitos já deviam estar lá antes, considerando que estamos em uma região com mais de 300 mil moradores, até então sem nenhum leito do SUS nos bairros. E embora considerada uma região nobre, nem todos têm plano de saúde.

Saúde não pode ser um tema de destaque somente em ano de eleição ou pandemia. E é quase certo que os dois eventos continuarão recorrentes. Saúde precisa de planejamento, mobilização e esforço para ser a política pública que se propõe a ser. Assim como o SUS que foi uma proposta ousada, precisamos de governantes que tenham igualmente a mesma audácia para realizar melhorias considerando o longo prazo e que combatam os problemas de estrutura, desvios e precarização existentes.

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