Dever de participar

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A pandemia que acaba de completar um ano nos impôs a necessidade de ficar em casa e, na medida do possível, tentar lidar com todas as nossas questões de forma remota ou virtual. Um fenômeno que antecede a pandemia é a militância de internet e o uso das mídias sociais como central de queixas. Se por um lado é inegável a importância dessas plataformas como um canal facilitador para a divulgação de informações, por outro ela nos deixou de certa forma preguiçosos para buscar soluções concretas. Sem contar as coisas que são importantes e não recebem o engajamento devido, as coisas falsas que viralizam e o tanto de outras que se perdem.

Por isso que de tempos em tempos é bom ressaltar aqui a importância dos conselhos de participação. Temos os Consegs, relacionados à segurança, o conselho participativo, ligado aos projetos macro e à fiscalização do orçamento, temos o Cades, sobre o meio ambiente e questões ligadas a nossa qualidade de vida e temos os conselhos gestores de todos os equipamentos públicos, sejam as UBSs, parques, espaços culturais, etc, onde os usuários têm a possibilidade de participar ativamente das discussões que vão impactar um grande número de pessoas.

O problema é que esses espaços de participação tão importantes e democráticos parecem perder cada vez mais sua força. E não é culpa dos conselheiros que trabalham de forma voluntária porque acreditam que podem ajudar a promover um bem maior ou a melhorar um equipamento que eles mesmos usufruem. Temos visto mais vagas do que candidatos a preenchê-las e, pior ainda, conselheiros que são eleitos, mas logo depois desistem de atuar sem abrir mão da vaga que poderia ser de outra pessoa.

Essa semana o Cades Lapa foi elogiado por uma representante da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente por ter sido um dos únicos conselhos que não se desmobilizou durante a pandemia. Na próxima semana, o CPM da Lapa se reúne, mas com frequentes dificuldades de quórum não consegue realizar votações. Os conselhos de segurança perderam muito com a migração para o meio virtual, afinal os encontros eram uma forma mais íntima de levar problemas graves às autoridades, ou mesmo conhecê-las.

Se utilizamos nosso tempo e o conforto da internet para reclamar e acusar situações e pessoas que estão erradas, podíamos dedicar o mesmo tempo para apoiar os grupos que já fazem esse trabalho, que já conhecem as burocracias, ou para nos tornarmos membros participativos. Não precisa ser eleito para participar. Participar e acompanhar é a única forma de evitar decisões autocráticas que prejudicam a todos nós.

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