Recentemente a Página Editora, que entre outras publicações é responsável pelo Jornal da Gente, completou 24 anos. Desse tempo estou aqui há apenas cinco anos, período em que pude conhecer e admirar duas coisas: a importância da cobertura regional e a própria Lapa.
Quando falo em cobertura isso inclui tanto o jornalismo local como a publicidade e publicações de caráter comercial que são justamente as frentes de trabalho da nossa editora. Quase todo jornalista entra na faculdade com a presunçosa ideia de que vai mudar o mundo, descobrir grandes histórias, revelar furos e ser premiado por isso.
A realidade infelizmente não é essa.
Muitos dos formados sequer vão atuar no jornalismo. Vão para outras áreas da comunicação que são mais tranquilas, que permitem uma rotina mais organizada e são mais atraentes do ponto de vista da remuneração. E para os que optam por esse nada fácil caminho a frustação é frequente. Frustação que vem com respostas evasivas, histórias que não se desenvolvem como gostaríamos, que se perdem, que ficam sem respostas ou com os problemas que se repetem ou perduram.
E os veículos com cada vez menos recursos, demissões em massa e as frequentes acusações que só pioraram nessa polarização política que vivemos de que a imprensa é tendenciosa ou comprada, a vida do jornalista não é lá muito fácil. Felizmente pude me surpreender positivamente nesses anos que estou por aqui. Ao publicar um problema, às vezes simples, de zeladoria, cobrar sua solução e poder posteriormente divulgar o resultado recebi muitos agradecimentos. É muito bom sentir que fizemos a diferença mesmo que na vida de uma só pessoa ou família. Não há dinheiro que pague por essa sensação.
E do ponto de vista comercial, é crescente a consciência de que quando priorizamos o consumo dentro da região em que vivemos isso faz com que ela se desenvolva e seja mais sustentável. Precisamos consumir, isso é inevitável, e quando optamos por fazer isso de forma local, fazemos com que o nosso dinheiro ajude pais e mães a colocarem comida na mesa, geramos emprego e segurança no nosso bairro, realizamos pequenos sonhos ao invés de sermos um acréscimo insignificante no fluxo financeiro das grandes corporações.
Por fim, preciso falar da Lapa que em breve comemora mais um ano. Não nasci aqui, mas encontrei o lugar onde quero ficar. Muito difícil ver o espírito comunitário e de pertencimento que existe nessa região. Se a pandemia abalou o adequado exercício da cidadania, a esperança é que em breve possamos voltar a viver como antes, com voz ativa e integração de todos os setores da sociedade. Essa deve ser a nossa missão.