Muitos lugares podem ser habitados, mas nem todos compõem um lar. Tem aquela frase que diz “lar não é um lugar, é um sentimento” e a outra que diz “lar é onde o coração está”. A verdade é que todos deveriam ter o direito de vivenciar a experiência de ter um lar. Ainda mais na infância. Um adulto se adapta melhor vivendo em um lugar que se adequa às suas necessidades de conforto e capacidade orçamentária. Pode ser uma casa enorme que exige constante manutenção ou um desses novos micro apartamentos que muitas vezes só servem como dormitório. Mas tirar a referência de lugar de segurança de uma criança é algo muito triste, que infelizmente acontece.
O Serviço Família Acolhedora da Lapa está buscando famílias ou indivíduos que tenham estrutura, física e emocional, para receber crianças e adolescentes que por algum motivo tiveram que ser tiradas do convívio familiar. Não se trata de uma adoção, mas um acolhimento temporário em um momento delicado. O objetivo maior é que a família de origem consiga se reabilitar e a criança volte ao seu lar de origem. Não são todas as pessoas que têm o perfil necessário para fazer tamanha contribuição social, mas quem tiver deveria considerá-la.
Também é grave quando a sua vizinhança, que não deixa de ser uma extensão de seu lar, é ameaçada. Três árvores grandes foram incendiadas esse ano na Praça Francisco Matarazzo Junior, o que é muito estranho para ser coincidência. Muito provavelmente foi um ato criminoso mesmo. Em tempos em que a preocupação com o verde é tão necessária, chega a ser revoltante isso acontecer. Chuvas e ventos fortes como os que tivemos essa semana já são responsáveis pela perda de tantos exemplares. Somar a ação humana a isso é um prejuízo para todos.
No caso dos parques, que são o quintal e jardim que ninguém (ou quase ninguém) consegue ter no ambiente urbano, também deveriam ser tratados como tal. Como um bem público inalienável, que promove qualidade de vida e que todos deveriam ter acesso. Com a assinatura da concessão dos três parques estaduais da região, embora o acesso gratuito tenha sido mantido, é preocupante a dificuldade de acompanhar a gestão ambiental nos próximos 30 anos e garantir que interesses comerciais não se sobreponham ao propósito coletivo. Conceder sem fiscalizar costuma ser um erro.
E foi durante essa semana que a Prefeitura anunciou a programação da Jornada do Patrimônio, uma oportunidade de conhecer imóveis que fazem parte da história da cidade, que são símbolos de uma memória afetiva e que no passado foram o lar de alguém, seja no sentido de moradia ou de lugar de pertencimento.