Como forma de reinserir moradores de rua no mercado de trabalho, o Centro de Acolhida Zancone, localizado na Vila Leopoldina, tem uma parceria firmada com o SENAC para oferecer cursos profissionalizantes aos ‘conviventes’ que utilizam o local. No ano passado, três turmas foram formadas: uma em Jardinagem, outra em Portaria e Vigilância e uma última em Reposição de Produtos. No início deste ano, novas vagas foram abertas para a formação de porteiros e vigilantes.
Os cursos, com duração de cerca de 180 horas, são dados na própria sede do Zancone. Para isso, explica a gerente Rosana Amaral, foi realizada uma reforma na infraestrutura do albergue, que ganhou uma sala especialmente destinada às aulas. “Toda essa mudança deu bastante trabalho, mas valeu a pena, pois a formação de excelência oferecida pelo SENAC dá a chance a essas pessoas de serem protagonistas de sua própria história, ganhando uma nova perspectiva de vida”, ressalta.
Com diploma na mão, alguns participantes até já conseguiram colocação no mercado. “Isso porque o próprio SENAC encaminha os currículos para as vagas disponíveis”, explica Rosana. José Antonio Abdalla, de 60 anos, que frequenta o Zancone há 10 meses após deixar o sistema prisional, é um dos que encontrou trabalho. “Aqui fui muito bem acolhido e tive a oportunidade de refazer minha vida”, afirma. “Quando soube dos cursos, logo me inscrevi no de Jardinagem e hoje já faço trabalhos em terminais de ônibus da Zona Sul”, conta ele, que agora faz parte da segunda turma do curso de portaria e vigilância.
Administrado pelo Instituto Rogacionista, o Centro de Acolhida Zancone atende homens em situação de rua vindos de várias regiões da cidade. Hoje, cerca de 100 conviventes residem no local, 50 utilizam serviços de lavagem de roupa, banho e almoço e 20 utilizam de modo temporário o serviço de banho e pernoite. Lá, eles também recebem acompanhamento psicossocial e participam de diversas atividades artísticas, além de palestras, saraus e passeios a parques, museus e cinemas. “Ao mesmo tempo que estipulamos regras rígidas, procuramos dar um atendimento carinhoso, que realmente motive a uma mudança de atitude”, explica a gerente.